Cristiano Ronaldo foi a surpresa do primeiro treino de Portugal nos EUA

Pela primeira vez desde que a selecção portuguesa começou a sua preparação para o Mundial 2014, o capitão da selecção portuguesa trabalhou no relvado.

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Cristiano Ronaldo treino com os companheiros nos Estados Unidos Francisco Leong/AFP

É certo que foi à margem dos restantes companheiros e de forma condicionada mas, pela primeira vez desde que a equipa de Paulo Bento se juntou para preparar o Mundial do Brasil, foi possível ver Cristiano Ronaldo a treinar-se no relvado.

A presença do capitão da selecção no relvado, foi a grande novidade do primeiro treino de Portugal nos Estados Unidos, onde ontem chegou para os últimos dias de preparação antes de iniciar a sua participação no Campeonato do Mundo.

Cristiano Ronaldo tem sido a grande dor de cabeça dos responsáveis médicos da equipa nacional, já que terminou a época com um problema físico na coxa esquerda, desconhecendo-se até que ponto é possível recuperar o jogador de forma a estar na melhor condição física quando a competição se iniciar. De acordo com o boletim clínico divulgado no final de terça-feira, o jogador tem uma lesão muscular da região posterior da coxa esquerda e tendinose rotuliana esquerda. Para já, aproveitando o recato que o centro de treinos dos New York Jets, uma equipa de futebol americano, proporciona, Ronaldo reapareceu.

A segurança que rodeia o centro é apertada e o local é suficientemente isolado para desmotivar curiosos. Uma espécie de Academia de Alcochete em versão norte-americana, que manteve afastados os raros adeptos que arriscaram deslocar-se a estas paragens do estado de Nova Jérsia. No interior das modernas instalações, Nani garantiu estar em perfeitas condições físicas e psicológicas para disputar um Mundial, considerando que a pouca utilização que teve esta temporada ao serviço do Manchester United até pode ser benéfica.

“Não é por jogar poucos jogos que um jogador deixa de saber fazer aquilo que melhor sabe. Sinto-me bem e com capacidade para ajudar a selecção”, afirmou o extremo, que confia nas suas capacidades para realizar um bom Mundial. Depois de ter sido considerado o melhor português em campo na última partida de preparação contra a Grécia (0-0), no Estádio Nacional, Nani acredita que pode brilhar mesmo que tenha de dividir protagonismo com Cristiano Ronaldo.

A ausência do Mundial da África do Sul, devido a uma lesão, deixa o jogador do United ainda mais determinado em agarrar esta oportunidade no Brasil. Já em relação aos problemas físicos de Ronaldo, Nani acredita que não irão inviabilizar o contributo da estrela madeirense na selecção: “Acredito que os problemas do Cristiano não são tão preocupantes. Ele tem ainda muito tempo para descansar e recuperar.”

O primeiro treino dos convocados de Paulo Bento em solo americano teve de ser adiado porque uma repentina trovoada interrompeu a tarde soalheira e quente no estado de New Jersey.

Alguma desilusão à chegada

O ambiente bucólico no centro de treinos dos Jets contrastou com a agitação que marcou a chegada da selecção ao aeroporto internacional de Newark, na véspera.

Logo que o avião aterrou, o frenesim tomou conta das largas dezenas de imigrantes portugueses que esperavam as estrelas nacionais na zona de chegadas dos voos internacionais. O forte cordão de segurança obrigava à imaginação para quem quisesse ver a equipa passar. Perto das 21h a pequena multidão entrou em reboliço, com o vislumbre dos primeiros jogadores.

Empoleirados em cadeiras, em cima dos corrimãos ou agarrados aos postes, aqueles que não conseguiram lugares na frente das barreiras policiais e das fitas de segurança do aeroporto agitavam-se. Gritou-se em plenos pulmões “Portugal”.

Os jogadores passaram rapidamente, alheados da euforia em redor, seguindo directamente para o autocarro. Um ou outro tímido aceno e nada mais. Carlos, nascido na Murtosa, no distrito de Aveiro, há 34 anos, e residente em New Jersey, há 32, não gostou, assim como outros que esperaram largas horas para ver alguns dos seus ídolos.

No final, tudo acabou rapidamente e os jogadores partiram sem demoras, deixando para trás muitas queixas luso-americanas. “Conduzi várias horas para estar aqui e nada, nem um aceno, nem um agradecimento pelo esforço das pessoas”, gritou um adepto mais exaltado: “Já não quero saber da selecção. Estou farto e triste. Não custava nada agradecerem por estarmos aqui.” Ainda deu algumas pequenas entrevistas e lá seguiu, resignado. A zona de chegadas esvaziou-se também em poucos minutos, sobrando jornalistas e polícias americanos, a maioria pouco impressionada com os craques de futebol recém-chegados.

“Vi uma vez uma partida de soccer que começou e terminou sem golos. É um desporto estranho. Não gosto”, sintetizou um robusto agente da autoridade, que não escondeu as preferências pelo basebol. “É mais mexido e animado”. Gosto…

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