Portugal com o ataque mais económico dos últimos 20 anos

Desde a qualificação para o Mundial de 1994 que a selecção portuguesa não marcava tão poucos golos nos seus três primeiros jogos.

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Éder ainda não marcou pela selecção Patrícia de Melo Moreira/AFP

Têm sido poucos golos, mas são golos que valem pontos. Nos seus três primeiros jogos no Grupo I de qualificação para o Euro 2016, a selecção portuguesa marcou apenas dois golos, mas, em ambos os casos foram golos, ambos marcados por Cristiano Ronaldo, que deram duas vitórias e recolocaram os homens de Fernando Santos no caminho do apuramento. O facto é que há mais de 20 anos que Portugal não tinha tão fraca produção ofensiva no início de uma qualificação e, quando aconteceu, a selecção nunca conseguiu chegar às respectivas fases finais.

Para ser ver tão poucos golos nos três primeiros jogos de um apuramento, é preciso recuar até à qualificação para o Mundial de 1994. Carlos Queiroz era o seleccionador e a campanha começou com um empate sem golos com a Escócia, seguindo-se um triunfo pouco convincente em Malta por 1-0, com a primeira derrota a surgir à terceira jornada por 3-1 frente à Itália. A produção ofensiva melhoraria bastante nos jogos seguintes, terminando Portugal com 18 golos em dez jogos, mas não foi o suficiente para conseguir um lugar no torneio.

Para o Euro 1988, a fraca produção ofensiva foi acompanhada por resultados ainda piores nos três primeiros jogos. Vivia-se a ressaca dos problemas vividos em Saltillo durante o México 86. Com suspensões impostas a muitos dos jogadores presentes, as opções de Rui Seabra eram limitadas e não foi surpresa nenhuma que o pecúlio da selecção portuguesa nos três primeiros jogos tenha sido dois empates por 1-1 com Suécia e Suíça e uma derrota por 1-0. Portugal ficaria muito longe da qualificação, marcando apenas seis golos em oito jogos.

Também no início da corrida para a fase final do Euro 1976, que seria na Jugoslávia, não correu bem. O processo de qualificação era diferente, com apenas quatro equipas a disputarem a fase final, mas tudo começava numa fase de grupos, seguindo-se depois para uma eliminatória a duas mãos. A selecção portuguesa, dirigida por José Maria Pedroto, não marcou qualquer golo nos dois primeiros jogos (empate 0-0 com a Inglaterra e derrota por 5-0 com a Checoslováquia), alcançando o seu primeiro triunfo no jogo seguinte, um 2-0 no Chipre. Também aqui Portugal falhou a qualificação, quedando-se em terceiro do seu grupo, atrás de checos e ingleses, e com cinco golos marcados em seis jogos.

Sete selecções com menos golos
Entre as 53 selecções que disputam a fase de qualificação para o Euro 2016, apenas sete selecções têm menos golos marcados que Portugal. Ainda sem ter qualquer golo marcado mantêm-se Gibraltar, que cumpre a sua primeira fase de apuramento após ter sido aceite como membro da UEFA, Malta e San Marino, selecção que ocupa o último lugar do ranking FIFA e que ontem conseguiu um histórico empate (0-0) em casa com a Moldávia. Com apenas um golo marcado estão as selecções da Letónia, Estónia e Grécia, cuja qualificação desastrosa já custou o lugar a Claudio Ranieri, substituto de Fernando Santos como técnico dos helénicos. Também com um golo marcado está o Liechtenstein, que valeu ontem uma vitória sobre a Moldávia.

A selecção portuguesa tem, assim, o oitavo pior ataque desta fase de qualificação, a par de outras selecções (duas delas do Grupo I, Arménia e Albânia), mas é, de longe, a que tem mais pontos neste grupo. O melhor ataque desta fase de qualificação pertence à Polónia, com 15 golos em quatro jogos, sendo que quase metade foram obtidos em apenas um jogo, um 7-0 a Gibraltar, a pior defesa entre as 53 selecções em competição, com 21 golos sofridos.

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