Primeiro, mas pouco

Portugal bateu a Rússia e subiu, à condição, ao primeiro lugar no Grupo F de apuramento para o Mundial 2014. Mas a presença na prova está longe de estar garantida.

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O momento em que Portugal marca o golo da vitória frente à Rússia José Manuel Ribeiro/Reuters

Hélder Postiga foi o herói da selecção portuguesa na vitória (1-0) sobre a Rússia. Marcou o golo que quebrou a invencibilidade dos russos e deu esperança aos adeptos na qualificação para o Mundial 2014. Com este triunfo a equipa nacional vai ocupar, pelo menos até Agosto, o primeiro lugar na classificação do Grupo F de apuramento para o Mundial 2014. Tem mais dois pontos que a Rússia, mas também mais dois jogos disputados. A 14 de Agosto os russos visitam a Irlanda do Norte para cumprir um jogo em atraso e têm a hipótese de regressar à liderança.

Frente ao adversário mais forte do grupo, a equipa de Paulo Bento entrou bem e chegou cedo à vantagem. A selecção não se deixou impressionar pelo registo irrepreensível com que a selecção russa se apresentou em Lisboa: primeira classificada do Grupo F, com quatro vitórias em outras tantas partidas.

Para além disso, a equipa orientada por Fabio Capello ainda não tinha sofrido qualquer golo no apuramento para o Mundial 2014.

A selecção nacional entrou bem no jogo, trocando a bola com segurança e procurando recuperá-la assim que a perdia. Esta atitude agressiva não demorou a dar resultados: houve um primeiro remate de Cristiano Ronaldo (acertou mal na bola, aos 3’), depois outro de João Moutinho (arriscou de longe mas por cima, aos 7’). À terceira tentativa, o Estádio da Luz gritou golo.

Na cobrança de um livre no lado esquerdo, Miguel Veloso colocou a bola milimetricamente em Hélder Postiga, que desviou para o 1-0. Foi o quinto golo de Postiga no apuramento para o Mundial 2014 — e o primeiro sofrido pela Rússia nesta qualificação.

Portugal não mudou a seguir ao golo, mantendo a Rússia encostada ao seu meio-campo. O ritmo não abrandou, contribuindo para a tal atitude passiva dos russos. A equipa de Capello parecia estar confortável na expectativa, sem construir qualquer iniciativa de perigo.

O técnico italiano não estava satisfeito, e aos 31’ já tinha feito duas substituições. O rumo dos acontecimentos mudaria nos derradeiros minutos do primeiro tempo, porque a ansiedade veio à tona no espírito dos jogadores portugueses. E a Rússia esteve muito perto do golo.

Rui Patrício saiu a um cruzamento largo de Shirokov, afastando a bola com uma palmada, mas deixando-a à mercê de Glushakov, que atirou a centímetros do poste (36’).

E, três minutos depois, o árbitro Damir Skomina não assinalou grande penalidade num lance dentro da área em que a bola tocou no braço de Fábio Coentrão.

Este período de desconcentração só durou até ao intervalo. No arranque da segunda parte Portugal voltou a ser a equipa perigosa que tinha sido durante a primeira meia hora de jogo. Cristiano Ronaldo ameaçou a baliza russa por duas vezes (47’ e 48’), mas Akinfeev resolveu.

Só que a Rússia também veio do balneário com uma atitude diferente. Os jogadores de Capello colocaram Rui Patrício à prova, nomeadamente Kerzhakov (60’) e Berezutskiy (62’). Bystrov, aos 69’, quase marcava num pontapé de bicicleta que passou muito perto da trave.

O encontro foi perdendo qualidade, sem que o domínio pertencesse claramente a uma das equipas. A Rússia atacava de forma desgarrada, enquanto Portugal — nomeadamente após a saída de Postiga — esperava por uma iniciativa individual que resultasse numa situação mais confortável no marcador.

Apesar de ainda ter criado duas boas oportunidades, num remate espectacular de Nani e noutro de Cristiano Ronaldo, Portugal não fugiu ao sufoco dos últimos minutos.

Shirokov, no coração da área, viu Rui Patrício defender o seu remate. Cada lançamento para a área portuguesa deixava as bancadas de coração nas mãos. Mas a selecção resistiu. E as perspectivas na caminhada para o Mundial 2014 ficaram um bocadinho melhores.


 

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