Durante um par de horas, Gonçalves foi o vencedor do dia

Piloto de Esposende fechou a penúltima etapa no primeiro lugar, mas foi surpreendido com uma mudança na classificação no final da noite.

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EPA/DAVID FERNANDEZ

O penúltimo dia da edição de 2017 foi uma espécie de resumo daquilo que tem sido a aventura de Paulo Gonçalves no Dakar. Na sua cabeça, estava desenhado um cenário, mas a realidade acabou por traí-lo. No final da 11.ª etapa, o piloto da Honda foi declarado vencedor, falou como tal e fez um resumo da prestação de acordo com o estatuto que merecera na estrada. Mas, como tantas vezes acontece ao longo da prova, a organização recalibrou os tempos e o motard de Esposende acabou por cair para o segundo lugar. Ingrato? Sem dúvida. Mas nada que mexa com o sentimento geral do português acerca da competição.

Gonçalves cumpriu os 288km cronometrados, entre San Juan e Río Cuarto, na Argentina, em 3h18m47s, e impôs-se pela primeira vez na competição deste ano. Uma espécie de prémio de consolação que não chegava, porém, para disfarçar o sabor amargo provocado por aquela penalização de 48 minutos, na 5.ª etapa, que o arredou da discussão pelo triunfo final.

Se acrescentarmos a este cenário a reviravolta na etapa desta sexta-feira, já noite dentro e bem depois de o português ter assumido o discurso de vitória, percebe-se a frustração. Na base da súbita decisão da organização esteve um “crédito” de três minutos atribuído ao espanhol Joan Barreda (Honda), por ter sido travado por uma invasão de espectadores durante o percurso. Resultado: o 1m09s que Gonçalves tinha de vantagem esfumou-se e o português caiu para o segundo lugar.

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Ainda assim, há algo que se mantém actual no seu discurso: “Obviamente que o objectivo não era ganhar etapas, mas sim a prova. Fiz tudo o que estava ao meu alcance e seguramente que fizemos um grande trabalho de preparação para que a Honda pudesse ter os dois pilotos no pódio final”, sublinhou.

Seja como for, o resultado desta tirada permitiu a Paulo Gonçalves encurtar ligeiramente a desvantagem para a concorrência e subir um degrau na classificação geral, até ao sexto posto, agora a 15 minutos do pódio e a 52m46s do líder, o britânico Sam Sunderland (KTM).

De um modo geral, o dia acabou por ser positivo para o contingente português na América do Sul, com Hélder Rodrigues a fechar a tirada no 13.º lugar, a 16m46s do vencedor, surgindo outro compatriota imediatamente a seguir, em 14.º: Joaquim Rodrigues, a 19m09s. De resto, estas prestações acabaram por catapultar a “dupla” Rodrigues para os 9.º (Hélder) e 10.º (Joaquim) lugares, respectivamente.

Nos automóveis, Stéphane Peterhansel segurou a liderança e já tem praticamente à vista o 13.º triunfo da carreira no Dakar. O francês da Peugeot está em boa posição para renovar o título obtido no ano passado e acrescentar mais uma vitória à galeria: ganhou seis vezes em motos (1991, 1992, 1993, 1995, 1997 e 1998) e outras seis em automóvel (2004, 2005, 2007, 2012, 2013 e 2016).

Segundo classificado na etapa, Peterhansel limitou a apenas 18 segundos as perdas para o mais directo rival. Em mais um episódio do duelo que os dois têm protagonizado, Sébastien Loeb venceu a tirada em 3h21m15s, mas só conseguiu uma ténue aproximação ao compatriota — a diferença entre os dois na classificação geral é agora de 5m32s.     

E só um desastre evitará um pódio 100% Peugeot e 100% francês na chegada a Buenos Aires. Cyril Despres é terceiro na geral, a 32m54s de Peterhansel, após ter perdido mais de sete minutos nesta 11.ª etapa.

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