“Portugal ou ganha ou começa a fazer as malas” admite Bento

Arena de Manaus espera uma enchente de americanos para assistir ao encontro com os portugueses.

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Paulo Bento confirmou que Meireles será titular e que Bruno Alves está em dúvida AFP

O jogo é decisivo, o empate não serve e uma derrota será fatal. Sem adornos, este é o cenário que se colocará a Portugal na noite deste domingo, frente aos EUA, no ambiente sufocante do Arena Amazónia, em Manaus. E Paulo Bento não o escondeu este sábado na antecipação da segunda partida do Grupo G, confiando que os seus jogadores responderão positivamente à pressão como já o fizeram em outras ocasiões difíceis desde que assumiu a selecção: “Teremos de ser uma equipa de homens.” As adversidades é que não param, depois das lesões de Rui Patrício, Fábio Coentrão, Hugo Almeida e o castigo de Pepe, que estarão ausentes frente aos norte-americanos, agora é Bruno Alves quem está em dúvida, a braços com problemas físicos.

A goleada sofrida com os germânicos (4-0) aliada ao triunfo dos EUA frente ao Gana (2-1), na primeira jornada, e ao empate entre alemães e africanos (2-2) já este sábado, na segunda ronda, não permitem espaço de manobra aos portugueses, senão vencer e, de preferência, pelo maior número de golos possível. Um triunfo tornará tudo possível, inclusivamente ainda alcançar o primeiro lugar do grupo. Mas antes de outras contas, a equipa está obrigada a provar que a humilhação na estreia foi apenas um acidente irrepetível e que tem condições e qualidade para se candidatar aos oitavos-de-final.

O seleccionador português não é apologista de grandes mudanças no “onze” e muito menos radicais. Mas é a isso que está obrigado esta noite. As vagas abertas para a titularidade poderão ser parcialmente preenchidas por algumas das soluções encontradas no decorrer da partida com a Alemanha (derrota por 4-0) na última segunda-feira, mas poderá haver mais uma ou outra novidade.

Ricardo Costa é o principal candidato ao centro da defesa e, caso Bruno Alves não recupere, será garantidamente acompanhado por Luís Neto (Paulo Bento dixit). André Almeida foi quem rendeu o desafortunado Fábio Coentrão no lado canhoto no jogo de estreia, mas Miguel Veloso pode agora ficar-lhe com o lugar, abrindo uma vaga a William de Carvalho à frente do sector recuado. Éder é o principal candidato à frente atacante, sendo mais difícil antecipar, no lado oposto, o sucessor de Rui Patrício na baliza. Questionado sobre algumas destas possibilidades, Paulo Bento limitou-se a adiantar que já tem a equipa perfeitamente definida, faltando apenas determinar se Bruno Alves estará ou não disponível. O jogador será reavaliado no dia do jogo pelo departamento médico.

“Os jogadores já estão informados sobre quem vai jogar”, garantiu, antes de enfatizar a importância da equipa controlar as emoções ao longo dos 90’, algo que não aconteceu na partida com a Alemanha. “Estamos entre a espada e a parede e eu quero escolher lutar com a espada”, ilustrou, dramatizando mais uma vez as consequências de novo desaire: “Ou ganhámos ou começamos a preparar as malas para partir.”

Certa será a titularidade de Cristiano Ronaldo, de quem ainda muito se espera no Brasil. Assim que pisar o relvado amazónico, o madeirense consumará um novo recorde na sua carreira, tornando-se no jogador português com mais encontros disputados em fases finais de Mundiais. Nada menos que 12, repartidos por três torneios. Mas, mais do que este registo para consumo interno, CR7 está obrigado a justificar em Manaus o estatuto de melhor jogador do mundo. Até porque, ao nível da concorrência, as coisas têm corrido bem a outras grandes estrelas do torneio brasileiro, como Thomas Muller, Karim Benzema, Van Persie, Arjen Robben ou Luis Suárez, Leo Messi ou Neymar.

Para além do calor e humidade, a selecção nacional vai enfrentar também esta noite no Arena da Amazónia a pressão dos adeptos norte-americanos que, ao que tudo indica, prometem preencher a maioria dos 44 mil lugares do estádio, superando os apoiantes portugueses. O futebol começa a conquistar definitivamente os EUA e são aguardados perto de 35 mil americanos em Manaus por estes dias, ainda que nem todos possam ter bilhete para assistir à partida. O Mundial está a despertar muito interesse neste país, como o comprova os 196 mil bilhetes adquiridos pelos americanos, que representam cerca de 27% do total dos ingressos vendidos fora do Brasil.

Este será mais um factor de motivação para a selecção de Klinsmann, que está a ser seguida também com forte interesse dentro dos EUA. Segundo dados da estação televisiva ESPN, a partida frente ao Gana bateu o recorde de audiências em jogos de mundiais, com 11 milhões de telespectadores. “O futebol passou a ser uma tendência na América e as pessoas assistem aos nossos jogos com empolgamento”, confirmou o médio ofensivo Michael Bradley na antecipação da partida com Portugal.

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