Os Reggae Boyz abanaram a América

Jamaica eliminou o campeão EUA e atingiu pela primeira vez a final da Gold Cup.

Foto
AFP

Para o México, é um hábito a presença na final da Gold Cup. Para a Jamaica, nem por isso. Mas a selecção comandada pelo alemão Winfried Schäfer fez mesmo história ao tornar-se a primeira nação das Caraíbas a apurar-se para o jogo do título da prova-rainha da CONCACAF (Confederação da América do Norte, Central e Caraíbas) desde que esta ganhou a designação actual, em 1991.

Para isso, precisou de protagonizar uma das grandes surpresas da história da competição. O troféu será decidido amanhã, no Estádio Lincoln Financial Field, em Filadélfia, e pela primeira vez desde 2003 não terá como participante os Estados Unidos da América, campeões em cinco ocasiões. A culpada por esta ausência foi a Jamaica, que não se encolheu com o saldo de apenas uma vitória nas 22 partidas anteriores com este adversário, e afastou os anfitriões na meia-final realizada em Atlanta, com 70 mil pessoas nas bancadas.

Os Reggae Boyz marcaram duas vezes em seis minutos na primeira parte, por intermédio de Darren Mattocks e de Giles Barnes, e aguentaram a reacção do adversário para segurarem um triunfo por 2-1, que do lado oposto foi visto como um dos desaires mais chocantes da história dos EUA, arredados em casa, perante o 76.º do ranking FIFA, da possibilidade de revalidar o título.

O resultado marcou apenas a segunda vez no seu historial que a selecção norte-americana perdeu em casa com um rival caribenho, com o solitário exemplo anterior a ter ocorrido em 1969, frente ao Haiti. De resto, até à passada quarta-feira, a única equipa da CONCACAF que tinha conseguido eliminar os EUA da Gold Cup era o México — nas outras ocasiões, os responsáveis foram os convidados do sul, Brasil e Colômbia.

A façanha da Jamaica aumenta de proporção pelo facto de nem sequer ter sido capaz de qualificar-se para a edição anterior, disputada há dois anos, e de ter sido última classificada na ronda final do apuramento da CONCACAF para o Mundial 2014, sem qualquer vitória em dez encontros. Foi uma recuperação rápida: em Novembro do ano passado, a equipa levantou a Taça das Caraíbas, e na recente Copa América, apesar das três derrotas por 1-0 (Argentina, Paraguai e Uruguai), recebeu elogios.

Constituída por jogadores que actuam maioritariamente no futebol inglês e norte-americano, a formação jamaicana começou por conquistar o Grupo B (empatou com a Costa Rica e ganhou a Canadá e El Salvador), afastou depois o Haiti e os EUA nas rondas a eliminar e está a um triunfo de obter um sucesso inédito. Pela frente terá o México, adversário que a eliminou nas suas duas anteriores melhores performances na prova, nas meias-finais de 1993 e 1998.

Na final, o papel de favorito estará novamente entregue ao opositor. O México é recordista, com seis títulos, e lidera confortavelmente o braço-de-ferro com a Jamaica (15 vitórias, dois empates e duas derrotas), mas nesta altura já ninguém menospreza a selecção insular. “Se ganhou aos EUA é porque tem um bom futebol e jogadores importantes”, afirmou o seleccionador mexicano, Miguel Herrera.

A Jamaica encontrou uma digna sucessora da histórica equipa que colocou o país no Mundial de França, em 1998, a primeira e única presença na competição. Mas Winfried Schäfer não quer o seu plantel a festejar. “Não podemos ter uma festa agora. Ainda temos mais um jogo. Bob Marley vem depois do jogo”.

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos
 

Sugerir correcção
Comentar