Os milhões do mercado repartiram-se no centro de negócios de Manchester

Das seis transacções mais avultadas desta janela de transferências, quatro tiveram o United ou o City como compradores.

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A última temporda de Anthony Martial no Mónaco despertou a atenção do Manchester United Valery Hache/AFP

Fechou-se o livro das transferências 2015-16 em Inglaterra, pelas 18h de terça-feira, e o último dia do defeso só serviu para confirmar uma tendência. United e City, dois dos maiores actores do mercado, quase monopolizaram as grandes transacções deste Verão, fazendo de Manchester uma espécie de centro de negócios por excelência do futebol europeu. No total, os dois rivais citadinos asseguraram quatro das seis aquisições mais luxuosas, a última das quais acrescenta à Premier League o potencial do avançado Anthony Martial.

Era um dos negócios-em-via-de-concretização mais falados do defeso e acabou por se concretizar a menos de uma hora do fim das inscrições. Martial, internacional pelas selecções jovens de França, muda-se para a Liga mais mediática do mundo, aos 19 anos, com um contrato válido por quatro temporadas. O valor da transferência para o Manchester United não foi divulgado, mas, segundo a imprensa inglesa, ronda os 49 milhões de euros, valor que poderá subir até aos 80 milhões em função de objectivos, numa operação que teve dedo do empresário Jorge Mendes.

Mesmo contabilizando “somente” o valor que os “red devils” vão encaixar no imediato, trata-se da quarta maior transferência desta janela. “Não sinto pressão. Sei que ela existe, mas estou preparado para a enfrentar. Estou contente e orgulhoso, porque é um grande clube”, afirmou o jogador em quem Leonardo Jardim depositou grande confiança na última temporada, no Mónaco.

Martial, que iniciou a carreira no Lyon e se transferiu em 2013 para o Mónaco a troco de cinco milhões de euros (mais bónus de performance), dá agora um salto de gigante na carreira, justamente na mesma altura em que foi chamado pela primeira vez a uma convocatória da selecção principal de França. E a sua estreia pelos “bleus”, curiosamente, poderá acontecer já na sexta-feira, num jogo particular, frente a Portugal.

De resto, o jogador abandonou temporariamente a concentração da selecção, em Clairefontaine, para assinar o contrato e concluir o negócio, que prevê, segundo a imprensa francesa, um salário anual da ordem dos 4,7 milhões de euros.
“É um jogador de enorme talento, um atacante polivalente. Já o seguíamos há algum tempo e ele progrediu imenso no Mónaco. Estou muito feliz por recebê-lo aqui e creio que este é um bom clube para ele continuar a evoluir. Tem tudo para se tornar numa estrela, mas temos de dar-lhe tempo para se adaptar à Premier League”, avalia Louis van Gaal, treinador do Manchester United.

Horas antes de confirmar Martial, a direcção do clube viu gorar-se a venda do guarda-redes David de Gea para o Real Madrid, por uma derrapagem de dois minutos. Os documentos, já devidamente assinados pelas partes, num negócio que envolvia ainda o guarda-redes Keylor Navas, foram submetidos demasiado tarde e já não foram aceites pelo Transfer Match System da FIFA, plataforma que gere todo o processo de transferências. Um falhanço que gerou uma troca pública — e estéril — de acusações entre os clubes.

Com o negócio De Gea a ir por água abaixo, o United fecha este ciclo com quase 38 milhões de euros de prejuízo, no saldo de compras e vendas. Ainda assim, bem menos que os 135 milhões negativos registados pelo Manchester City, o principal agitador do mercado. Para além de Kevin de Bruyne, a operação mais cara do defeso (75 milhões de euros pagos ao Wolfsburgo), os “citizens” gastaram mais 62,5 milhões em Raheem Sterling (Liverpool) e 44,6 milhões em Nicolás Otamendi (Valência), as terceira e sexta compras mais excêntricas deste Verão.

De resto, os clubes ingleses entraram em seis dos dez negócios mais chorudos, com o Liverpool a assumir-se como a terceira potência, ao assegurar Christian Benteke (Aston Villa) por 46,5 milhões e Roberto Firmino (Hoffenheim) por 41 milhões. Todos eles apresentaram contas no vermelho no balanço deste mercado, tal como outras 16 equipas das 20 da Premier League. A excepção chama-se Southampton, que, com a venda de Morgan Schneiderlin, por 35 milhões de euros, conseguiu um total de 1,3 milhões positivos. E para onde viajou Schneiderlin? Para Manchester, claro está.

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