Que o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões não foi nada meigo com o Sporting, não é novidade nenhuma. E não contou para nada a grande exibição no Bernabéu frente ao Real Madrid porque acabou por ser uma derrota. Num grupo em que também está o Borussia Dortmund, muitas das ambições do Sporting passam pelo que conseguir fazer nos dois jogos contra o Legia Varsóvia, o primeiro dos quais já nesta terça-feira, em Alvalade. “Leões” e polacos começam do “zero” nesta segunda jornada e quem continuar a “zero” vai ficar com a vida europeia muito complicada.

Aumentar

Jorge Jesus é o primeiro a admitir que o duplo confronto com o Legia é fundamental num agrupamento com tanto pedigree como este. “São equipas que andam à procura do seu espaço no grupo”, refere o técnico “leonino”, que não estará no banco por estar a cumprir castigo devido à expulsão no jogo de Madrid. Não estar no banco, como disse Jesus após o encontro com o Real, fez a diferença entre a vitória e a derrota, mas, pelo menos, tudo o que seja plano de jogo já foi trabalhado por antecipação: “Qual é a diferença entre estar ou não estar no banco? Tudo o que seja estratégia já foi elaborado. Outra coisa é o que acontece durante o jogo e não poder reagir, mas os meus colaboradores já trabalham comigo há 20 anos, já me conhecem por dentro e por fora e sabem o que têm de fazer.”

Que equipa é esta que o Sporting vai encontrar nesta noite? Basicamente, o Legia é um “grande” do futebol polaco em crise. A equipa de Varsóvia já foi campeã por 11 vezes, a última das quais na última época, mas os resultados da presente temporada têm deixado muito a desejar. Não foi só a goleada sofrida no seu jogo de estreia com o Dortmund (0-6 em casa), mas a campanha que tem vindo a realizar na Liga polaca, na qual ocupa um modestíssimo 14.º lugar em 16 equipas, com duas vitórias, quatro empates e quatro derrotas em dez jornadas, para além de ter perdido o jogo da Supertaça e de ter sido afastada da Taça da Polónia logo à segunda eliminatória.

Conselho bem-humorado

A sucessão de maus resultados faz com que o Legia vá estrear um treinador em Alvalade, Jacek Magiera, antigo jogador do clube que foi promovido depois de ter sido adjunto do recentemente despedido albanês Besnik Hasi. “É muito importante para mim. Não estou calmo nem nervoso, estou normal. Espero que a equipa jogue de forma calma, mas que lute do primeiro ao último minuto”, diz o treinador de 39 anos. Para o seu colega novato nestas andanças, Jesus tem um conselho bem-humorado:  “O conselho que lhe dou é que não se preocupe muito com este jogo e para se preocupar mais com o próximo jogo do campeonato.”

Jesus não acredita em facilidades para esta partida com a equipa polaca, nem pelo seu mau momento, nem pela falta de experiência do treinador. “Tem pouco tempo mas tem conhecimento como adjunto e trabalhou na equipa B, os poucos dias que ele teve são os mesmos que eu tive. É um treinador jovem que está a começar a carreira. Espero que o primeiro jogo não lhe corra muito bem. A Champions é sempre diferente, com mais adrenalina e outra motivação, o jogador vai aos seus limites. Não tem muito a ver com o que se faz nos campeonatos nacionais”, referiu Jesus, classificando a formação polaca como “competitiva, agressiva e com jogadores de valor”. “Vai ser um jogo muito dividido. Espero que o Sporting seja melhor e faça a diferença durante a maior parte do tempo”.

Um jornalista polaco lembrou a Jesus que a sua estreia europeia também acontecera frente a uma equipa polaca. Jesus estava então no Estrela da Amadora e defrontou o Ruch Chorzow, em 1998-99, para a segunda eliminatória da Taça Intertoto, com a formação da Reboleira a cair nos penáltis após dois empates (ambos por 1-1). “É verdade, a minha estreia foi contra uma equipa polaca, não me lembro é do nome, mas obrigado por me lembrar isso.”