Os irmãos Ribeiro têm lugar na história do futebol do Mónaco

Nem só de milhões vive o futebol monegasco. Na principal prova interna do principado as equipas são amadoras e há portugueses.

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A equipa do Ribeiro Frères DR

A história do futebol no Mónaco também se faz em português. E não, não é por causa de nomes como Rui Barros, Costinha ou os recém-contratados João Moutinho e Ricardo Carvalho, jogadores que já vestiram ou se preparam para vestir a camisola do AS Monaco.

A realidade futebolística local vai muito além dos rouges et blancs, o emblema mais identificado com o principado, e que assumiu protagonismo no mercado de transferências, graças à bem recheada carteira do russo Dmitry Rybolovlev. São várias as competições locais de futebol no Mónaco, e Portugal está bem representado nelas.

Tudo nasceu do sonho de dois irmãos. Já passaram mais de 30 anos desde que António da Silva Ribeiro chegou ao Mónaco. Natural da zona de Guimarães, emigrou em busca de melhores condições de vida. E foi isso que encontrou no principado.

As coisas correram bem, e em 1995 fundou, com o irmão, a Ribeiro Frères – uma empresa de construção civil. Esse é também o nome da equipa de futebol com a qual competem no Challenge Prince Rainier III, a principal prova do futebol monegasco, que se realiza desde 1976. E, dadas as origens dos irmãos Ribeiro, a equipa só podia jogar com as cores (e o símbolo) do Vitória de Guimarães.

“Fizemos uma festa muito grande com a vitória na Taça de Portugal”, confessou ao PÚBLICO, por telefone, António da Silva Ribeiro.

Vencer no Jamor deu para melhorar a disposição, porque dias antes o Ribeiro Frères tinha perdido (0-2) frente ao Sun Casino, na final do Challenge Prince Rainier III.

Foi o sétimo triunfo nas últimas dez edições da prova para o Sun Casino. “Eles têm uma equipa muito boa”, admitiu o dirigente e, por vezes, também jogador.

Os apelidos são todos portugueses no plantel do Ribeiro Frères: Ribeiro, Borges, Castro, Esteves, Silva, Ferreira, Freitas... Só alguns nomes próprios (Michel, Patrick, Mickaël, Julien, Frédéric ou Antony) deixam perceber quem já nasceu longe de Portugal.

“Somos uma família. Tenho um filho e quatro sobrinhos na equipa. Eu já jogo menos... Mas a equipa é muito boa, bastante unida”, sublinhou António Ribeiro.

Esta foi a quinta vez que o Ribeiro Frères chegou à final do Challenge Prince Rainier III e perdeu para o Sun Casino: aconteceu em 2013, 2011, 2007, 2005 e 2003. Na única vez em que não teve pela frente a equipa do casino, em 2004, a formação de matriz portuguesa conquistou o troféu – bateu na final a equipa do município, por 2-1.

Antes, em 2002, o Ribeiro Frères vencera o Challenge Ville de Monaco, espécie de segundo escalão do futebol do principado. À excepção do AS Monaco, que é uma formação profissional, as outras equipas no principado são amadoras e correspondem a serviços ou empresas.

Para além da Ribeiro Frères, há equipas do município, dos correios, da função pública, das forças de segurança, do hospital, da empresa de estacionamento, de vários bancos e, até, do palácio do príncipe.

Mas são mesmo os rouges et blancs que monopolizam as atenções. As contratações sonantes prometem atrair gente. “Vai ser bom, vão estar muitos portugueses a ver os jogos”, prevê António Ribeiro.

A nacionalidade portuguesa é a sexta mais representada entre as 144 registadas no principado, mostram os dados do último censo, que data de 2008. Se Rybolovlev continua à procura de reforços, o Ribeiro Frères está mesmo ali ao lado.

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias e campeonatos de futebol periféricos

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