O "Tigre" que ajudou os "meninos queridos" do Bayern a crescer

Hermann Gerland tem duas décadas de serviço no clube alemão. Treinou a equipa B e é adjunto da principal desde 2009.

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Gerland com Jupp Heynckes Reuters

De regresso à Catalunha, Pep Guardiola será um dos protagonistas do Barcelona-Bayern desta noite, no Camp Nou. Como sempre, os holofotes estarão longe de Hermann Gerland. Ao contrário do espanhol, o seu treinador-adjunto não dispensa apresentação, o que não significa que o trabalho na sombra que realiza há muitos anos no clube alemão não seja reconhecido, a começar pelos adeptos, que deram informalmente o seu nome ao recinto em que jogam alguns dos escalões de formação.

O técnico de 60 anos só vestiu a camisola de uma equipa enquanto jogador, a do Bochum, de onde é natural, mas é a Munique que está principalmente vinculada a sua carreira de treinador. Entre 1990 e 1995, orientou a equipa B do Bayern e em 2001 voltou para, como técnico dos juniores, da equipa secundária ou adjunto dos seniores, manter continuamente a ligação ao clube. Durante anos a fio, o alemão foi uma peça importante nas camadas jovens do gigante bávaro e ajudou a moldar muitos futebolistas que o clube aproveitou com sucesso na sua equipa principal.

Passaram-lhe pelas mãos atletas como Christian Nerlinger, Alexander Zickler ou Dietmar Hamann, Samuel Kuffour, Misimovic ou Owen Hargreaves, Toni Kroos, Piotr Trochowski ou David Alaba, ajudou a pôr na ordem Bastian Schweinsteiger, mas não precisou de fazer muito com Philipp Lahm (“Não fazia um único erro nos treinos ou nos jogos. Foi o melhor futebolista de 17 anos que alguma vez encontrei”). Não conseguiu que o clube percebesse completamente a qualidade de Mats Hummels, mas foi a tempo de evitar o mesmo erro com Badstuber e Thomas Müller, quando estavam próximos de serem contratados pelo Hoffenheim.

“Ele marca quase sempre. Em cada treino, em quase todos os jogos e até mesmo nos jogos-treino com a equipa principal. Não podemos dá-lo”, disse Gerland a Uli Hoeness de forma a tentar convencer o Bayern a não abrir mão de Müller, transformado numa estrela mundial nos anos seguintes. “Pode ser inortodoxo, mas marca muitos golos”, disse então, num episódio recordado pela FIFA.

As experiências de Gerland como treinador principal não tiveram grande sucesso, mas foi dando alguns sinais do jeito para perceber o potencial dos jogadores. Quando estava no Arminia Bielefeld, descobriu Arne Friedrich num clube modesto. Depois disso, o polivalente defesa superou as 80 internacionalizações pela Alemanha.

Um defesa sem expulsões
Gerland, que nos tempos livres se dedica de corpo e alma à sua outra paixão, a criação de cavalos de competição, não tem nenhuma varinha de condão. É essencialmente um trabalhador nato, algo que remete para a alcunha pela qual ficou conhecido e que lhe foi dada nos tempos de futebolista. Depois de começar como avançado, fez carreira como defesa e ganhou o epíteto de “Tigre”, porque nunca desistia. Entre 1972 e 1984, fez 204 jogos na Bundesliga pelo Bochum, sem nunca ter sido expulso.

O melhor que conseguiu como jogador foi terminar no 8.º lugar o campeonato e como técnico principal foi ser finalista vencido da Taça da Alemanha, em 1987-88, também ao serviço do Bochum. Os títulos a sério só chegaram quando foi promovido a adjunto do Bayern Munique, em 2009. Desde então, mudaram os principais (Louis van Gaal, Jupp Heynckes e Pep Guardiola) e grande parte do núcleo das equipas técnicas, mas Gerland manteve o seu lugar.

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