O menor risco compensou e o Sporting continua na luta

"Leões" derrotam Lokomotiv, em Moscovo, por 4-2 e continuam a depender de si próprios para seguir em frente na Liga Europa.

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Matheus e Gelson, um golo para cada um em Moscovo Sergei Karpukhin/Reuters

Até agora, Jorge Jesus não tinha encontrado o equilíbrio entre a gestão de recursos e a competitividade para manter o Sporting a ganhar em todas as frentes. Nesta quinta-feira, o técnico “leonino” encontrou esse equilíbrio e o Sporting venceu, em Moscovo, o Lokomotiv por 4-2, em jogo da 5.ª jornada do Grupo H da Liga Europa. Com a dose certa de rotação, Jesus construiu uma equipa com recursos suficientes para alcançar algo que nunca tinha conseguido — ganhar na Rússia — e manter-se na luta por um lugar na fase seguinte da competição. E, como as contas estão, até pode ficar em primeiro do grupo.

O ponto mais baixo da campanha “leonina” nesta Liga Europa foi, sem dúvida, o desaire na Albânia. Nesse jogo, Jesus só utilizou um elemento da sua primeira unidade (Rui Patrício, que seria expulso) e aconteceu o desastre. Três semanas depois, com a eliminação europeia iminente, Jesus foi menos radical nas mudanças e o Sporting foi diferente, para melhor, na sua habitualmente coxa versão europeia. Ter João Mário, Adrien Silva e Bryan Ruiz (mais Montero na sua melhor versão) a enquadrar o talento de Gelson Martins e Matheus Pereira faz toda a diferença.

Mas os primeiros minutos sugeriam o pior e através de um pecado habitual deste Sporting, uma perda de bola com a equipa adiantada e com poucos a defender. Adrien embrulha-se com um jogador do Lokomotiv, parece tocar a bola para trás (não é certo que tenha sido o internacional português a fazê-lo e, se não foi, o lance é irregular) e Maicon, frente a Marcelo Boeck, não falhou. Tinham passado cinco minutos e o Sporting já tinha de lutar contra uma desvantagem. Só que, desta vez, tinha outros argumentos e a reacção foi rápida, natural e sem grande esforço frente a uma equipa que há pouco mais de dois meses tinha vencido em Alvalade e que, até agora, se tinha assumido como a melhor do grupo.

Aos 20’, Ricardo Esgaio faz o cruzamento, a bola desvia ligeiramente na cabeça de Denisov e o oportuno Montero faz o empate, ele que já tinha marcado no jogo de Alvalade. Este golo não era fruto do acaso. Era o produto de um domínio consistente, principalmente no meio-campo, com enorme capacidade de retenção da bola e muita paciência até encontrar espaços na não muito fiável defesa russa. Aos 38’, o Sporting teve mais um fruto desse domínio. Uma excelente combinação entre Montero e Ruiz acaba com o costa-riquenho, com enorme classe, a bater o guarda-redes Guilherme.

Aos 43’, Montero voltou a mostrar que estava num dia bom (excelente). Foi do colombiano que saiu o passe para Gelson Martins fazer o 3-1, embora o jovem sportinguista estivesse ligeiramente adiantado no momento do passe. Ainda assim, Gelson, que está a ser uma clara primeira opção de Jesus, fez o que tinha a fazer e assinou o seu primeiro golo na Liga Europa, ele que já tinha marcado na Taça, frente ao Vilafranquense.

Na segunda parte, outro jovem voltou a dar nas vistas. Matheus Pereira, outro fixo da segunda unidade de Jesus, fez o 4-1 aos 60’, após excelente passe de Gelson. Com este golo, o Sporting devolvia com juros a derrota sofrida em Alvalade e garantia o fim do trauma russo — antes deste jogo, nunca havia vencido na Rússia. O Lokomotiv, cuja estratégia era mais de aproveitar os erros “leoninos” do que construir alguma coisa por si, ainda conseguiu reduzir para 4-2, com Miranchuck a dominar como quis perante a passividade de Esgaio e a mandar para o fundo das redes de Boeck.

Este golo tardio do Lokomotiv não chegou para beliscar a justa vitória do Sporting, a primeira obtida fora de casa nas competições europeias desde 2011. Mas, para além de ter mantido a ambição europeia intacta, este jogo serviu, sobretudo, para alargar os limites do “núcleo duro” de jogadores em que Jesus confia sem reservas.

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