O sétimo mandamento da UEFA

1. A UEFA plasma a sua visão do futebol em 11 valores. O sétimo refere-se à integridade desportiva. O valor da integridade da competição, que se encontra ainda recolhido em outros mandamentos, é sempre posto em risco por uma série de ameaças. Se à dopagem se seguem, cada vez em maior escala de preocupação, os jogos combinados (relacionados, em particular, com as apostas desportivas), tal não significa que as violações da integridade desportiva se fiquem por essas manifestações antidesportivas. A violação do princípio da integridade desportiva assume múltiplas vertentes: o mal surge, como a serpente, com várias cabeças.

2. A semana findou com um exemplo paradigmático que, também por cá (?), afronta, a nosso ver de forma impressiva, tal valor desportivo. Findo o sorteio das meias-finais da Liga dos Campeões, a imprensa deu ampla cobertura ao facto de que para o guarda-redes Courtois poder defrontar o Chelsea, o Atlético de Madrid teria que ultrapassar um impedimento clausulado (no contrato estabelecido entre os dois clubes para a cedência do jogador), mediante o pagamento de uma insignificante quantia: três milhões de euros por jogo.

3. A UEFA reagiu prontamente. Na verdade, dir-se-ia, ao momento, uma declaração formal reafirmou, como seu princípio fundamental, o valor da integridade das competições desportivas. Segundo tal declaração, quer as normas que regulam a UEFA Champions League, quer as normas disciplinares da UEFA proíbem qualquer clube de exercer ou tentar exercer qualquer tipo de influência sobre os jogadores que outro clube possa (ou não possa) colocar em campo.

Para a UEFA, uma qualquer cláusula existente num contrato entre clubes que possa funcionar para influenciar os jogadores que um clube coloca em campo num jogo é considerada nula e incapaz de produzir efeitos jurídicos. Por outro lado, qualquer tentativa de fazer valer tal cláusula constitui uma clara violação das normas UEFA e, em consequência, será sancionada em conformidade com as mesmas.

4. Há algo no ar, mas não sei bem ainda o quê. Primeiro foi a FIFA e a decisão disciplinar aplicável ao Barcelona a propósito da contratação (transferência) de menores. Agora a UEFA. As normas são mesmo para todos e já não só para o Burkina Faso (sem desprimor)? É de acompanhar com a devida atenção. Nada de euforias. josemeirim@gmail.com

 

 

 

 

 

 


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