A história vale o que vale e o Sporting de Marco Silva tem conseguido, nesta época, ultrapassar alguns tabus. Depois do golo para o campeonato no Estádio da Luz e do triunfo no Estádio do Dragão, feitos que os “leões” não conseguiam há alguns anos, o treinador sportinguista tem mais um fantasma para exorcizar: o saldo das nove partidas que o Sporting disputou na Alemanha é de oito derrotas e um empate. O registo, no entanto, não assusta Marco Silva, que garante que a má tradição em terras germânicas servirá de “condimento” para que a equipa portuguesa consiga nesta terça-feira, em Gelsenkirchen, contra o Schalke, a primeira vitória nesta época na Liga dos Campeões.

A última vez que o Sporting jogou na Alemanha foi há quase cinco anos. Disputava-se a fase de grupos da Liga Europa, o adversário foi o Hertha Berlim, a época não estava a ser fácil para os “leões”, que eram comandados por Carlos Carvalhal e havia Rui Patrício e Adrien na equipa. O desfecho (derrota por 0-1) foi negativo, mas ficou muito longe de provocar os estragos que o Bayern, seis meses antes, tinha provocado no currículo de Paulo Bento: 1-7, a maior derrota da história do Sporting em provas europeias.

No entanto, mesmo que os números provem que a Alemanha traz más recordações aos “leões”, Marco Silva mostra-se decidido em provar que o lugar da história é nos livros. Nesta segunda-feira, na antevisão da partida da terceira jornada do Grupo G da Champions, o técnico admitiu que a sua equipa terá que estar “perto da perfeição”, em Gelsenkirchen, para travar o Schalke e alcançar um resultado positivo: “A ambição tem que estar sempre presente, seja qual for o jogo ou o desafio. A falta de vitórias na Alemanha é uma realidade para a nossa equipa mas é mais um condimento, se assim se pode dizer, para tentar a vitória frente a um adversário que nos obrigará a estar a um nível altíssimo.”

E os perigos do rival, alerta Marco Silva, não vêm só de Huntelaar. Marco Silva admite que o avançado internacional holandês é “a principal referência do ataque”, mas o Schalke “vale muito mais que isso”. “Mudaram de treinador e é uma equipa que, mesmo não tendo entrado bem na competição interna, tem tido bons resultados. O Schalke é fortíssimo mas em nada isso nos retira a ambição. A perfeição terá de ser um objectivo mas temos que ter confiança e a humildade suficiente para tentar vencer”, referiu o treinador.

Apesar de ter somado apenas um ponto nas duas primeiras jornadas da fase de grupos, Marco Silva garante que “está tudo muito equilibrado”. “O jogo de terça-feira terá a sua importância, pois é o próximo. É com este pensamento que o grupo encara a partida. O Schalke parte com alguma vantagem, pois eles podem avaliar a nossa equipa e nós só podemos avaliar um jogo com este novo treinador. É uma vantagem que eu creio que eles têm mas, acima de tudo, temos prazer em jogar estes duelos e esta competição”, acrescentou.

Di Matteo elogia Marco Silva

Embora o triunfo no Estádio do Dragão tenha deixado a equipa motivada, Marco Silva alerta que a Liga dos Campeões “é uma realidade diferente”. No entanto, admitiu que o “leão” está em forma. “É claro que a última vitória foi boa, a imagem que ficou foi boa e a organização também. Não posso avaliar se este é o melhor momento da época, mas é um bom momento”, concluiu.

Após estrear-se no fim-de-semana passado no comando do Schalke com uma vitória frente ao Hertha, Roberto Di Matteo vai voltar a sentar-se no banco para um encontro da Liga dos Campeões, prova que venceu como treinador do Chelsea, em 2011-12. E o italiano mostrou-se confiante: “A perspectiva é boa, principalmente porque jogamos em casa, pois fora será mais complicado. O Sporting tem uma força individual, mas a minha equipa está moralizada.”

Embora admita que “Nani pode ser decisivo”, Di Matteo, que elogiou Marco Silva — “é um treinador com óptimas ideias” —, destacou ainda Carrillo e Slimani, jogadores que “podem decidir qualquer jogo”.