O rejuvenescimento da "Velha Senhora"

António Conte resgatou a Juventus de uma das piores fases da sua história.

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A Juventus está de regresso aos seus melhores momentos Marco Bertorello/AFP

A “Velha Senhora”, apesar dos seus achaques e cansaços, ainda vai descobrindo elixires que lhe permitem o rejuvenescimento, apesar de ter nascido há mais de um século.

Caiu várias vezes e sofreu grandes desgostos quando lhe anularam dois títulos e a mergulharam na Série B, com gente sua envolvida em dolorosos processos, e viu desmembrar-se uma grande equipa. Já teve muitas paixões: Boniperti, Trapattoni, Zoff, Platini, Zidane ou Del Piero e diz que os seus admiradores são mais de 12 milhões.

Há três anos, depois de uma profunda depressão, decidiu chamar um conhecido da casa. António Conte, companheiro de Paulo Sousa na equipa campeã europeia de 1996, tinha recusado aos 35 anos uma proposta para continuar na Juve se reduzisse o salário. Depois de 16 anos ao serviço da “madame”, preferiu deixar de jogar e ao contrário de Paulo Sousa, que foi embaixador da UEFA para o chamado futebol de base, antes de seguir a carreira de treinador, o “tigre” pensou logo num futuro inspirado no modelo de Arrigo Sacchi. Em 2004, a sua meta era chegar à Juventus num prazo de dez anos. Meteu-se ao caminho passando por Arezzo, Bari, Bergamo e Siena, conseguiu superar a sua própria previsão e em 2011 as portas do novo Juventus Stadium abriam-se-lhe para liquidar as más heranças deixadas por Ciro Ferrara, Zaccheroni e Del Neri.

Cansada de jogar com meia casa, no inóspito Estádio dos Alpes, inaugurado em 1990, em dia de despedida de Rui Barros, a Juve resolveu pagar 25 milhões para o comprar e fazer um novo, por um preço nada exorbitante de 120 milhões (por exemplo o Estádio do Bayern custou 200 milhões). É agora no confortável e ecológico novo estádio que Conte vai festejar o seu terceiro título italiano como técnico, o 32.º do clube, embora só 30 sejam reconhecidos uma vez que os campeonatos de 2005 e 2006 lhe foram retirados.

A “senhora”, que começou por vestir de rosa antes de adoptar o branco e preto, manteve-se sempre fiel ao espírito do grupo de alunos do selecto Liceu d’Azeglio que, em 1897, decidiram formar uma equipa de futebol e um clube de elite. À sua volta reuniu sempre a melhor sociedade de Turim.

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