O olhar indiscreto que é uma dor de cabeça para o futebol inglês

Alguém está a usar um drone para recolher imagens de jogos da Premier League.

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O golo de Oxlade-Chamberlain frente ao Tottenham foi captado pelo drone Suzanne Plunkett/Reuters

Os recentes incidentes no Sérvia-Albânia de qualificação para o Euro 2016, em que um drone sobrevoou o relvado com um símbolo político e provocou desacatos entre os jogadores, levando à interrupção da partida, não são o único exemplo de como estes aparelhos podem interferir com o futebol. Em Inglaterra, as autoridades prenderam um indivíduo após ter sido detectado um drone sobre o estádio Etihad durante o Manchester City-Tottenham de sábado.

Um porta-voz da polícia de Manchester disse à emissora britânica BBC que um homem de 41 anos, de Nottingham, foi detido por suspeita de infracção aos regulamentos de navegação aérea. “Os drones podem constituir uma ameaça à segurança dos adeptos e provocar alarme em zonas com concentração de pessoas. Mesmo drones mais pequenos pesam até sete ou oito quilos e podem causar ferimentos se caírem de uma grande altura”, alertou o inspector Chris Hill.

Para além dos problemas de segurança, a presença de drones perto de estádios de futebol levanta outras questões. Há várias semanas que começaram a surgir no YouTube vídeos recolhidos em recintos ingleses durante jogos, incluindo partidas da Premier League. Só que este olhar indiscreto constitui uma violação dos direitos televisivos pagos a preço de ouro por emissoras de todo o mundo.

Num dos vídeos disponíveis pode mesmo ver-se o golo de Alex Oxlade-Chamberlain que deu o empate ao Arsenal na recepção ao Tottenham (1-1), um encontro da sexta jornada da Liga inglesa.

Há mais para ver na lista da conta PV2+ Adventures: um vídeo feito em Anfield antes da noite europeia do Liverpool frente ao Ludogorets (vêem-se os jogadores a aquecer e há adeptos que até acenam para o drone), outro sobre Goodison Park, o estádio do Everton, e outro ainda a sobrevoar o recinto do Leicester City, também da Premier League.

Mas o que realmente chama a atenção e deixa adivinhar que o autor das imagens pode ser o indivíduo detido pela polícia de Manchester é o elevado número de vídeos feitos na zona de Nottingham. Sejam jogos do Nottingham Forest (também há um do Notts County), imagens da feira popular da cidade ou panoramas do palácio Wollaton Hall e da ponte sobre o rio Trent.

“Acho que estou a cumprir as regras. As pessoas podem reagir negativamente porque é algo novo e que não compreendem. Não estou a dizer que não podem acontecer problemas, mas qualquer acidente estará relacionado com má pilotagem. É como as pessoas conduzirem mal na estrada”, dizia há uma semana o autor dos vídeos, à BBC. O mesmo homem garantia que tinha praticado durante vários meses em espaços ermos, antes de começar a voar sobre zonas urbanas, e acrescentava que tinha deixado de sobrevoar os jogos do Nottingham Forest após ter sido abordado pela polícia, embora sublinhasse que havia outro drone na zona, nessa noite.

Um porta-voz da autoridade para a aviação civil britânica lembrava que os regulamentos proíbem a utilização de “qualquer drone a menos de 150 metros de uma área edificada”. “A polícia [de Nottingham] interceptou alguém e estamos a colaborar na investigação. As regras em vigor no Reino Unido aplicam-se a todos. Não interessa se se vai sobrevoar um campo de futebol, um parque ou outra coisa qualquer”, acrescentava Jonathan Nicholson.

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