O “messias” de Old Trafford regressa como convidado

Foto
Cristiano Ronaldo, no treino de Portugal, no seu regresso a Old Trafford PAUL ELLIS/AFP

De acordo com a autobiografia de Alex Ferguson, foram 200 os jogadores que alinharam em competições oficiais pelo Manchester United durante a gerência do escocês entre 1986 e 2013. Nestas duas centenas, apenas três foram portugueses: Bebé, a compra cega que nunca justificou o investimento; Nani, talentoso e irregular, dispensado por Van Gaal mas que pode estar de volta a qualquer momento desde que mantenha o nível que vai exibindo no Sporting; e um certo adolescente da ilha da Madeira que conquistou Old Trafford logo na sua primeira exibição no Teatro dos Sonhos.

Palavra a Alex Ferguson, que o lançou naquela tarde, em Old Trafford, contra o Bolton, há mais de dez anos. “A multidão respondeu como se um messias se tivesse materializado à sua frente. Old Trafford cria heróis com grande rapidez. […] Ronaldo foi o jogador com maior impacto nos adeptos desde Eric Cantona. Nunca foi um ídolo como Cantona, porque lhe faltava aquele carisma desafiante, mas o seu talento estava à vista”, conta o ex-treinador escocês.

Depois de ter saído, em 2009, para o Real Madrid, Ronaldo regressa nesta terça-feira a Old Trafford, mas não será, por certo, como os adeptos dos red devils desejariam. Vem como convidado, não como regressado a casa, ele que é o eterno desejado, ciclicamente aparecendo como possível reforço do United de acordo com algumas notícias. Talvez seja por isso, por ser apenas um amigo que está de visita, que Old Trafford não vai encher para ver o rapaz que em tempos herdou a camisola 7 do United, aquele que Alex Ferguson descreveu como o “jogador mais talentoso” que alguma vez teve às suas ordens.

A história já é amplamente conhecida. Ronaldo já estava na lista dos olheiros do United, quando os red devils foram jogar com o Sporting no jogo de inauguração do novo Estádio José Alvalade. Ronaldo começou de início pelos “leões” e “destruiu John O’Shea, que estava a jogar como lateral-direito. Uma possível contratação que podia ser feita depois tornou-se, ao intervalo, numa coisa urgente. “Disse ao Peter Kenyon [director-executivo do United], ‘Não saímos daqui enquanto não tivermos assinado com aquele rapaz.” E não saíram.

Em seis épocas no United, Ronaldo participou em 292 jogos, marcou 118 golos, conquistou uma Liga dos Campeões, três títulos da Premier League, duas Taças da Liga e uma Taça de Inglaterra. O seu contributo é reconhecido e a sua foto aparece várias vezes dentro e fora de Old Trafford. Mas ele nunca estará ao nível dos maiores ídolos do Manchester United, aqueles que têm estátuas, como Matt Busby e Ferguson, ou como George Best, Denis Law e Bobby Charlton, a “santíssima trindade”.

Sugerir correcção
Comentar