O guardião da casa portuguesa dos rapazes da Lotto Soudal

Foto
Há um português que adora a Lotto Soudal DR

Quem acompanha o ciclismo nos bastidores habitou-se a identificá-lo, a cada Volta ao Algarve, pela bandeira, imponente na sua dimensão, sem nunca se questionar a que se deveria a paixão particular pela Lotto Soudal. Estariam, porventura, longe de imaginar que era ele o guardião da casa portuguesa dos homens da equipa belga. “Começou tudo com uma brincadeira”, recorda ao PÚBLICO. Há seis anos, enquanto pedalava pelas estradas algarvias, o técnico de telecomunicações deparou-se com uma bicicleta semelhante à sua. “Na altura, usávamos a mesma marca de bicicletas, que era um pouco inusual. Eu tinha a oficial e ele a de treino. Meti conversa, demos uma volta e fiquei a saber que era ciclista profissional”.

O ele de quem Nuno fala é Maarten Neyens. O já retirado ciclista belga foi o responsável por ‘apresentar’ uma das mais combativas formações do WorldTour ao seu agora fã número um em Portugal, mas também por introduzi-lo num mundo que não era o seu. “Sempre vi ciclismo, mas não era um grande fã. Quando os conheci é que fiquei viciado”. Com o tempo, Nuno foi-se cruzando com vários ciclistas da Lotto Soudal, entre eles Jurgen Roelandts, que aponta como o seu favorito e que é o dono da casa onde os rapazes da equipa belga passam largas temporadas. “O Jurgen veio cá de bicicleta sozinho e passou férias no parque de campismo de Albufeira. Gostou tanto disto que comprou uma casa”, revela.

É precisamente aí que atende o telefone ao PÚBLICO. “Trato de tudo quando eles não estão cá. Ligam-me uns dias antes e eu venho ver se há luz, se está tudo em ordem para quando eles chegarem”. Equipado com um quarto que simula a alta altitude – “eles passavam lá 12 horas” -, o espaço era um ponto de passagem dos ciclistas na preparação para a Volta a França, mas não só. “Uma das razões pelas quais eles gostam de vir para o Algarve é porque passam completamente despercebidos na rua”, revela.

No ir e vir de corredores – até há uma unidade hoteleira local que os contrata para proporcionar uma experiência de treino velocipédico com um profissional de topo - e elementos do staff da Lotto Soudal, Nuno travou uma grande amizade com André Greipel. “É rara a semana em que não falemos. Sempre que vem cá, já sei que tenho de reservar uma noite para irmos ao frango da Guia”, confessa. Apesar de ser aparentemente reservado, o sprinter alemão é, segundo o algarvio, “um brincalhão”. Este ano, no entanto, Greipel não anda tão feliz – neste domingo tem uma boa oportunidade para se despedir em beleza do Tour. “No ano passado, dizia-me que estava a sonhar [venceu quatro etapas]. Este ano, não sei o que se passa, parece que algo não está a funcionar. Mas a equipa também tem sido muito massacrada nas quedas”, salienta.

Antes da despedida, há uma pergunta que se impõem: nos seus planos passados, em algum momento imaginou que seria amigo de alguns dos maiores ciclistas internacionais. “Alguma vez?”, dispara evidentemente feliz.  

Sugerir correcção
Comentar