O escocês que pagou para treinar em Espanha

John Clarkson não recebe qualquer salário do Tudelano e leva para o clube um investimento de 200 mil euros.

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Clarkson: “Se chegarmos à II Divisão, é aí que está o pote de ouro" DR

Acontece muito na Fórmula 1 ou no MotoGP, pilotos que pagam para correr. Em rigor, são pilotos que entram em determinadas equipas e que levam consigo investidores. Se podem, ou não, ganhar corridas, é outra história. Mais ou menos o mesmo aconteceu com Saadi al-Khadafi, filho do antigo ditador líbio, que investiu no Perugia e na Udinese em troca de um lugar na equipa principal – jogou um total de 25 minutos em jogos oficiais. E é o que está a acontecer no Club Deportivo Tudelano, equipa de Navarra que anda na terceira divisão espanhola. Um escocês sexagenário prometeu um investimento de 200 mil euros e só quer uma coisa em troca: ser o treinador da equipa.

John Clarkson, de 60 anos, foi nesta semana apresentado como o treinador do Tudelano, nono classificado da série G1 da II Divisão B, para o que resta da presente temporada e para a que se seguirá. E quem é John Clarkson? Segundo conta a imprensa escocesa e espanhola, é dono de várias casas de repouso no Este de Inglaterra, já andou por vários clubes de divisões muito secundárias do futebol inglês e também já repetiu este número com outras equipas espanholas. Não tem nada no currículo que o recomende como treinador (e até há poucos meses, nem licença para o ser tinha), mas isso não é o mais importante. Tem um sonho. E um livro de cheques.

O sonho do futebol de John Clarkson passou à realidade quando comprou uma casa de férias em Benissa, uma vila costeira da província de Alicante. Ali, bem junto ao Mediterrânico, o escocês fez amizade com o construtor que estava a fazer obras nessa casa e que era dirigente do clube local. Palavra puxa palavra e, em poucos meses, Clarkson já era dirigente do clube, passando, depois, a treinador, quase sem falar castelhano e com a missão de salvar a equipa da despromoção. Este foi o primeiro de vários clubes espanhóis por onde Clarkson passou, com sucesso variável, com uma paragem num clube inglês pelo meio, onde também foi investidor.

No Tudelano, um clube que não chega a ter mil sócios e que nunca foi mais alto do que o escalão em que está agora, Clarkson fez a promessa de chegar à II Divisão até ao final da próxima época. Se tal acontecer, terão de lhe começar a pagar salário. Se não, podem ficar com o dinheiro. “Se chegarmos à II Divisão, é aí que está o pote de ouro no futebol espanhol”, explicou Clarkson à Sky Sports, ele que teve uma apresentação recheada de imprensa internacional. “Depois, fico com mais dois anos de contrato e torno-me num treinador muito bem pago.”

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