O derby não resistiu ao vento e foi adiado

Benfica-Sporting realiza-se terça-feira. Adiamento foi decidido depois de material de isolamento ter caído da cobertura. “Evitou-se uma tragédia”, diz o presidente da liga. Protecção Civil tinha sugerido o adiamento.

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O vento forte fez cair sobre o relvado da Luz detritos da cobertura João Cordeiro
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O vento forte fez cair sobre o relvado da Luz detritos da cobertura João Cordeiro
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O vento forte fez cair sobre o relvado da Luz detritos da cobertura João Cordeiro

Cerca de 15 minutos antes do apito inicial do Benfica-Sporting, começou a “nevar” no Estádio da Luz. Primeiro uns pequenos flocos, depois pedaços cada vez maiores de material de isolamento voavam da cobertura e caíam sobre os espectadores e sobre o relvado. Entrou em marcha uma operação de limpeza, mas a força do vento continuou a espalhar os detritos e não houve outro remédio que não o adiamento do derby lisboeta para as 20h15 de terça-feira. A decisão oficial surgiu mais de meia hora depois da hora agendada (18h) para o início da partida, altura em que foi dada ordem de evacuação do estádio. Nesse momento também já caíam pedaços de metal nas bancadas.

“Evitou-se uma tragédia”, resumiu, no final, Mário Figueiredo, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) – o site do Benfica falava em “pequenos danos na cobertura” –, explicando que iriá ser feita uma vistoria para avaliar os danos da cobertura e proceder às reparações necessárias. O lado do estádio onde estavam a cair os bocados da cobertura, explicou Mário Figueiredo, foi evacuada em sete minutos, sendo que os cerca de três mil adeptos do Sporting que estavam no lado oposto ainda ficaram mais algum tempo no recinto, algo a Associação de Adeptos Sportinguistas criticou. “Não podemos deixar de demonstrar o nosso desagrado perante o facto dos adeptos sportinguistas terem ficado retidos num recinto desportivo que não apresentou as condições de segurança para a realização da partida”, diz a associação em comunicado.

Figueiredo não deu a certeza de que o jogo se irá realizar amanhã, tudo dependendo da vistoria e das obras de reparação. Quando questionado sobre se mudar o local de realização do encontro era uma hipótese, o presidente da liga diz que, durante a reunião de emergência, foram levantadas “várias hipóteses”. “Essa questão ainda não se coloca. Houve gente que colocou várias hipóteses. Amanhã de manhã teremos informações por parte da empresa responsável pela construção do estádio sobre as reparações que são necessárias.”

Figueiredo explicou que, até perto da hora do jogo, não houve quaisquer indicações por parte da Protecção Civil para que este fosse adiado devido ao estado do tempo e que só quando se começaram a soltar os pedaços da cobertura é que soaram os alarmes. “Algumas placas estavam a libertar-se por causa do forte vento e houve uma reunião de emergência. Foi perguntado às forças de segurança e todos foram unânimes na decisão: havia que evacuar o Estádio o mais rapidamente possível”, explicou Figueiredo, acrescentando que, naquele momento, a tendência era de aumento da instabilidade metereológica.

Mas a Protecção Civil garante que defendeu o adiamento do derby. O adjunto de operações da Autoridade Nacional de Protecção Civil, Marco Martins, lamentou que os responsáveis pelo jogo não tenham adiado antecipadamente o encontro, evitando a deslocação de milhares de adeptos numa altura em que se previam condições meteorológicas extremas. “Foi pedido um conselho ao comandante nacional e a Protecção Civil defendeu sempre que o jogo devia ter sido adiado. O que aconteceu veio-nos dar razão”, afirmou Marco Martins, dizendo que era “expectável” que o mau tempo impedisse a realização do encontro.

Já se sabia que iria ser um fim de tarde agreste em termos meteorológicos. Já tinha parado de chover mas o vento era forte quando os pedaços de cobertura começaram a cair, pouco depois de as equipas terem terminado o aquecimento, e nem sequer aconteceu aconteceu o voo da águia Vitória, habitual nos jogos da Luz. Perto da hora do jogo, as equipas já estavam no túnel para entrarem no relvado, enquanto um grupo de voluntários estava a recolher os detritos e outros subiam à cobertura para ver o que se passava e tentar reparar a situação no local.

Mas os pedaços de lã de vidro (um material isolante usado na cobertura, que é abrasivo para a pele, vista e vias respiratórias) continuaram a cair (também voaram para o exterior do recinto), acompanhados de pedaços de plástico e de metal. Um deles, precisou Mário Figueiredo, com 40m2 de superfície, caiu ainda com pessoas nas bancadas. Os regulamentos dizem que em casos de “interrupção por casos fortuitos ou de força maior, o árbitro deverá aguardar durante um período máximo de 30 minutos” e foi o que aconteceu. Pouco depois, o aviso do speaker eram bem claro: “Abandonem o estádio por razões de segurança. Saiam tranquilamente.”

Situação não é inédita
O adiamento de um jogo no Estádio da Luz, que será o palco da final da Liga dos Campeões da presente temporada, devido ao tempo, já aconteceu no início do ano passado. O encontro entre Benfica B e Feirense, a contar para a 23.ª jornada da II liga de 2012-13, foi adiado devido ao mau tempo, que também provocou, na altura, a queda de alguns pedaços da cobertura.

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