O Benfica começou a arrumar a casa a partir do rés-do-chão

Júlio César prolongou o vínculo com os “encarnados”, após semanas de especulação. Com um naipe alargado de jogadores cedidos, Rui Vitória terá muitas decisões a tomar nas próximas semanas.

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Júlio César estendeu o contrato com o Benfica até 2020 Patrícia de Melo Moreira/AFP

Primeiro Jardel, agora Júlio César. O Benfica 2016-17 começa a ganhar forma, graças a uma política de renovações que privilegia os pilares do plantel. Depois de semanas de especulação, o guarda-redes brasileiro assinou um prolongamento de contrato com os “encarnados” por mais dois anos, tornando oficial um duelo pela titularidade, na próxima época, com o compatriota Ederson, também ele uma das figuras do tricampeonato na Luz.

“Foi muito fácil chegar a acordo. Foi uma situação que nunca me preocupou. Vi muita gente a falar muito sobre a minha renovação, mas a minha relação aqui sempre foi directa e transparente”, começou por adiantar Júlio César à BTV, apresentando uma explicação para a demora na confirmação do acordo, que o próprio já dera como iminente no final de Janeiro: “O Ederson entrou bem na equipa e decidimos adiar a renovação porque também poderia mexer com o lado piscológico dele e é também por isso que este é um clube interessante, porque pensa em tudo”. 

Aos 36 anos, Júlio César admite, de resto, terminar a carreira no Benfica e promete dar “o máximo” nos treinos e nos jogos que se seguirem. “Vou vivendo ano a ano, temporada a temporada”, assinalou o guarda-redes, considerando que a vinda para Portugal, há duas épocas, foi uma aposta ganha. “Muitas vozes disseram que já estava ultrapassado, mas agarrei-me ao trabalho, ao talento e à confiança para mostrar que ainda tinha ‘muita linha para queimar’”.

Olhando para a época que terminou, e para a lesão sofrida na véspera do encontro da Liga com o Sporting, em Alvalade, o jogador reconhece que foi um momento difícil. “Fiz de tudo para jogar esse jogo, sabia que era importante porque nos colocava à frente do campeonato. Infelizmente não consegui, mas o Ederson entrou muito bem e depois fez uma temporada fantástica”.

Com um contrato válido até Junho de 2018, Júlio César destaca também a boa relação que existe com os dois outros guarda-redes do plantel, Paulo Lopes e Ederson, e afirma que o duelo pela titularidade na próxima época será feito na base do “profissionalismo” e do “respeito”.

A grande temporada que Ederson acabou por realizar, de resto, abriu-lhe não só as portas da convocatória do Brasil para os Jogos Olímpicos, mas também para a Copa América, ampliando a montra internacional e o eventual interesse de clubes com orçamentos generosos. Nessa linha, no caso de surgir uma proposta irrecusável pelo guarda-redes de 22 anos, o Benfica terá sempre uma salvaguarda de respeito.

Esta é a segunda renovação assegurada por Luís Filipe Vieira, presidente do clube, depois de em Março ter estendido o vínculo de Jardel. O defesa central brasileiro, pilar no eixo defensivo da equipa de Rui Vitória, assinou até 2020, dando corpo a uma lógica que passa pela presença de um elemento experiente para facilitar a entrada de novos valores (como aconteceu com Victor Lindelöf, outro jogador que pode sair mais valorizado neste Verão, com a presença no Euro 2016) no sector.

Pelo meio, os “encarnados” asseguraram também até 2020 a permanência de Kostas Mitroglou, embora o caso fosse distinto, já que o período de empréstimo do Fulham chegava ao fim e o Benfica teria de decidir-se pela compra (ou não) do passe do avançado grego.

A estas três renovações, juntam-se as contratações dos extremos Franco Cervi (Rosario Central) e Andre Carrillo (deixou o Sporting a custo zero), e do médio André Horta (V. Setúbal), enquanto no prato contrário da balança está confirmada a saída de Renato Sanches (Bayern Munique) e a mais do que certa transferência de Nico Gaitán para o Atlético Madrid.

Por resolver, continua o alargado problema da recolocação ou reintegração dos inúmeros jogadores que o Benfica tem emprestados. Casos como os de Ola John, Djuricic, Cristante, Ruben Amorim, Mukhtar, Nelson Oliveira, Derley, Candeias, Jonathan Rodríguez, Pelé, Fariña, Murillo ou Bebé, só para citar alguns, serão um quebra-cabeças para Rui Vitória resolver nas próximas semanas.

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