Ninguém fica indiferente ao “Inferno do Norte”

Rui Costa, campeão do mundo de estrada, ficou fora dos planos da Lampre para a Paris-Roubaix. Todos os olhos estarão postos em Fabian Cancellara (Trek), apontado como favorito à vitória na mítica prova.

Peter Sagan a treinar-se antes da Paris-Roubaix
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Peter Sagan a treinar-se antes da Paris-Roubaix François Lo Presti/AFP
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Fabian Cancellara e a sua equipa durante um treino antes da Paris-Roubaix François Lo Presti/AFP
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Foram várias as equipas a testar a dureza do pavé François Lo Presti/AFP
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Mesmo no treino, a dureza da prova francesa sente-se François Lo Presti/AFP
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A equipa Treck em acção, perto da zona de Valenciennes Pascal Rossignol/Reuters

Há aqueles que sonham com a chegada da Paris-Roubaix e há aqueles para quem isso é motivo de pesadelo. Em qualquer dos casos, o “Inferno do Norte” não deixa ninguém indiferente. A histórica “clássica” do ciclismo mundial vai amanhã para a estrada (12h15, Eurosport) e o pavé voltará a ditar a sua lei. Nesta 112.ª edição, a Paris-Roubaix será uma espécie de aperitivo para o que se verá em Julho, durante a Volta à França: o empedrado regressa à Grande Boucle, com a inclusão de nove troços na quinta etapa.

Enquanto se espera que os profissionais embarquem para a jornada de 257 quilómetros (com passagem por 28 sectores de paralelo, num total de 51,1 quilómetros) que é a Paris-Roubaix, milhares de cicloturistas tentavam, na sexta-feira, imitar os feitos dos seus ídolos e alcançar o melhor tempo possível numa versão do mítico percurso. De acordo com o site oficial da prova, houve mais de 3000 inscrições para as variantes organizadas para ciclistas amadores. A corrida de 166 quilómetros, que inclui todos os sectores de pavé da competição profissional e também tem a meta instalada no velódromo de Roubaix, contou com 1700 inscritos. Há ainda versões de 141 e 70 quilómetros.

As caravanas de adeptos também já se posicionam pelas estradas para garantir um lugar privilegiado de onde ver toda a acção no domingo. Por enquanto, as equipas cumpriram o reconhecimento ao percurso, fizeram as afinações mecânicas e delinearam a estratégia para enfrentar a dureza da prova.

Quem não completará um metro de pavé será Rui Costa, campeão do mundo de estrada e que se encontra a competir na Volta ao País Basco – hoje cumprirá a última etapa. Por isso, o ciclista português não foi seleccionado pela Lampre para o “Inferno do Norte”.

Sem uma “camisola arco-íris” para seguir no pelotão, o melhor conselho será ter atenção aos tons de preto e branco vestidos por Fabian Cancellara. O ciclista suíço da Trek já tem no currículo os títulos de 2006, 2010 e 2013 e é visto pelos analistas como o mais bem colocado para lutar pela vitória na Paris-Roubaix 2014. Especialmente depois da prestação autoritária na Volta à Flandres (terceiro título, somando aos alcançados em 2010 e 2013), que lhe rendeu muitos elogios e colocou o favoritismo sobre os seus ombros.

Em caso de vitória – e, sempre que ganhou a Volta à Flandres, Cancellara também venceu a Paris-Roubaix – o suíço tornar-se-ia apenas no terceiro ciclista a ganhar quatro vezes no pavé, juntando-se a Roger De Vlaeminck (1972, 1974, 1975 e 1977) e Tom Boonen (2005, 2008, 2009 e 2012). O mundo estará atento para saber a quem prestar homenagem: a prova será transmitida para 186 países, referia o site oficial.

A edição é prestigiada pela participação de Bradley Wiggins, o primeiro ciclista em 20 anos a participar na Paris-Roubaix depois de ter vencido uma Volta à França (em 2012). No entanto, as expectativas do britânico são moderadas: “A Paris-Roubaix é uma daquelas provas, tal como o Tour, em que o simples facto de chegar ao fim e entrar no velódromo é uma conquista. Espero conseguir fazê-lo”, resumiu. No entanto, isso não significa que Wiggins abrirá mão de uma boa classificação. “Não se vai para uma corrida a não ser que se queira fazer um bom resultado”, vincou.

A história diz-nos que são apenas seis os homens que conseguiram vencer o “Inferno do Norte” na qualidade de campeões da Volta à França: Bernard Hinault (1981), Eddy Merckx (1970 e 1973), Felice Gimondi (1966), Louison Bobet (1956), Fausto Coppi (1950) e Octave Lapize (1911). Haverá lugar para Wiggins neste grupo tão restrito?

O jornalista viajou a convite da Eurosport

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