Há cerca de um mês, em resposta à questão do próprio Nick Kyrgios sobre onde poderia melhorar, o mais conhecido treinador de ténis do mundo Nick Bollettieri respondeu em carta aberta: “Tu tens personalidade e o jogo precisa de personalidades, mas tens de adquirir disciplina e rejeitar toda a negatividade sem perder quem tu és. Irás progredir se mantiveres um respeito são pelo jogo e pelos teus adversários.” Nesta sexta-feira, em Wimbledon, Kyrgios foi igual a si próprio: jogou bom ténis, deu espectáculo e derrotou Milos Raonic, o adversário que o tinha eliminado na edição de 2014.

“Tenho trabalhado mais fora do court, no ginásio, a correr e também melhorei um bocadinho a minha dieta. Penso que estou em melhor forma do que no ano passado, mais confiante na minha movimentação e acredito mais. Não tento sempre fazer um winner, mas também construir alguns pontos, o que é bom”, contou Kyrgios (29.º), após vencer o número oito do ranking, por 5-7, 7-5, 7-6 (7/3) e 6-3.

Depois de ceder o set inicial, Kyrgios reagiu na partida seguinte, durante a qual recebeu uma advertência por ter atirado violentamente ao chão a raqueta, que ressaltou para as bancadas. Um break a 5-5 permitiu-lhe servir para fechar e em grande estilo: quatro ases! O equilíbrio manteve-se, mas, no tie-break do terceiro set, Kyrgios impôs-se, ganhando seis pontos consecutivos e, a 3-4 da quarta partida, infligiu um segundo break a um Raonic menos crente. “Fisicamente, sinto uma melhoria impressionante. Penso que foi um dia bom, joguei um ténis muito, muito bom”, concluiu Kyrgios, autor de 61 winners (dos quais 34 ases) para apenas 13 erros não forçados.

Nos oitavos-de-final, Kyrgios vai reeditar final do Millennium Estoril Open com Richard Gasquet (20.º), que afastou, por 6-3, 6-4 e 6-4, o búlgaro Grigor Dimitrov (11.º) – semifinalista em 2014, tal como Raonic.

Novak Djokovic afastou o australiano Bernard Tomic (26.º) com um triplo 6-3 e vai defrontar o sul-africano Kevin Anderson (14.º). Stan Wawrinka (4.º) e David Goffin (15.º) venceram em três e vão discutir um lugar nos "quartos". Dennis Kudla (105.º), que nunca tinha ido além da segunda em Grand Slams, só neste sábado conhece o seu adversário. Quatro horas e 16 minutos não foram suficientes para se encontrar um vencedor no duelo entre Marin Cilic (9.º) e John Isner (17.º), interrompido por falta de luz, às 9h21 locais, com o resultado em 7-6 (7/4), 6-7 (7/6), 6-4, 6-7 (4/7), 10-10.

Emoção houve igualmente no court central, com a britânica Heather Watson a ameaçar o reinado de Serena Williams nos majors. No set decisivo, Watson (59.º) dispôs de dois breaks de vantagem e ponto para 4-0, antes da reacção da líder do ranking. A britânica ainda serviu a 5-4, mas as respostas de Serena levaram a melhor, tomando definitivamente o ascendente do encontro, que fechou no quarto match-point, por 6-2, 4-6 e 7-5.

E pela primeira vez desde a final de Wimbledon de 2009, Serena vai defrontar num major a irmã Venus, detentora igualmente de cinco títulos em Wimbledon.

Maria Sharapova, Victoria Azarenka e Lucie Safarova passaram também aos "oitavos".