Paulo Bento: "Não vamos afastar ninguém só porque as coisas correram mal"

O técnico abriu as portas à renovação gradual da selecção, mas garantiu que a "desilusão" no Brasil não servirá de filtro para exclusões imediatas.

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Paulo Bento gostou da primeira parte da selecção Foto: Bruno Pires/Reuters

Apesar do fiasco que foi a participação de Portugal neste Mundial, Paulo Bento não tenciona, para já, afastar de forma forçada qualquer um dos jogadores que representaram a selecção no Brasil — a garantia foi dada neste domingo pelo seleccionador nacional, em entrevista à TVI 24. “Teremos de proceder a alguma renovação e fá-la-emos seguramente, mas não porque as coisas correram mal no Mundial de 2014. Não vamos fechar a porta a gente que durante muito tempo foi importante”, garantiu.

Confessando que a prestação da equipa nacional no Brasil foi uma “desilusão” para todos, Paulo Bento negou que o insucesso tenha sido causado pela inadaptação às condições climatológicas e não hesitou em eleger o primeiro jogo, frente à Alemanha, como a raiz dos males que acompanharam o desempenho da equipa na fase de grupos. E neste ponto, o seleccionador até fez um mea culpa. “Era eu que tinha que curar a derrota com a Alemanha e não o fiz da melhor maneira”, disse, explicando que este desafio deixou uma “marca negativa” que não permitiu a Portugal ter uma “reacção consentânea” com o seu valor. 

Ainda assim, defendeu, o principal problema nem foi sofrer um golo demasiado cedo, mas sim o fardo de jogar 55 minutos com dez, que se revelou demasiado “pesado”. Admitindo ter sido ele o “responsável” pelos resultados que aconteceram no Mundial — e pela planificação do estágio, escolha que não mudaria se tivesse de decidir hoje —, o técnico negou ainda que Portugal tenha feito uma “exibição negativa” contra os EUA, salientando mesmo que a equipa “nunca deixou de ser superior ao adversário”. 

Quando confrontado com o facto de ser um treinador “resignado” no final do jogo com os americanos, Bento defendeu-se dizendo que estava apenas “consciente”, visto que, nesse momento, o apuramento seria “uma possibilidade muito remota”. 

Reforçando que todas as suas decisões, antes e depois do Mundial, foram tomadas “em consciência”, Paulo Bento garantiu que nunca ponderou usar Cristiano Ronaldo como ponta-de-lança e que houve até uma tentativa de tornar a equipa menos dependente do avançado do Real Madrid. 

E quanto à chamada de Hélder Postiga quando o jogador já tinha sido referenciado como sendo um dos que apresentava “índices de suspeição lesional”? “É um jogador com uma maturidade e uma experiência tremendas, influente na nossa forma de jogar. Tínhamos a consciência de que não poderia ser utilizado como noutras alturas, mas estaria disponível nos momentos em que achássemos oportuno.”     

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