Não sofremos

Sim, nós sofremos. Mas passou. E a Juventus? Pensemos nele nesta altura felicíssima.

Anteontem toda a gente (isto é, os dois comentadores da SIC) elogiava a "capacidade de sofrimento" do Benfica.

Segundo eles, o Benfica vai à final com o Sevilha, porque, ao contrário de S. Sebastião, aguentou a chuva de setas no tronco que a Juventus lhe cravou na carne.

A equipa de futebolistas do Benfica sofreu apenas expulsões e uma ferida sangrenta. De resto, jogaram muito bem, com felicidade e sem sofrimento.

Quem sofreu fomos nós, os benfiquistas. Os comentadores da SIC, com uma correcção cósmica, identificaram o nosso sofrimento ("que termine esta merda, o mais depressa possível") com o sofrimento, inexistente, dos lutadores que são os jogadores do Benfica.

Sofremos – nós, os adeptos ideais, mas comoventemente vulneráveis –, porque somos, episodicamente, imperfeitos e caímos nos temores de fracasso dos outros clubes.

A verdade, prosaica, é que a Juventus, no seu campo – e sabendo que a final iria ser jogada no mesmo estádio mais do que conhecido por ele – não foi capaz de ir além de um empate sem golos.

A Juventus marcou mais golos (um) na Luz do que em Turim. Piorou. O Benfica melhorou. A Juventus perdeu em Lisboa, mas o Benfica conseguiu empatar em Turim.

Não foi a capacidade para sofrer que levou o Benfica à final: foi a capacidade para ganhar. O Benfica marcou dois golos. A Juventus só marcou um. O Benfica ganhou em casa. A Juventus, em casa, empatou.

Sim, nós sofremos. Mas passou. E a Juventus? Pensemos nela nesta altura felicíssima.

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