Não deitar tudo a perder

Quando os leitores do PÚBLICO lerem esta minha crónica, e partindo do princípio que o farão na manhã de sábado, faltará muito pouco para o Dakar 2017 estar terminado. Muito pouco é relativo. Desportivamente, será uma curta especial de 68km relativamente próxima do início da etapa, ainda em Río Cuarto, com a particularidade de terminar no próprio Bivouac de Río Cuarto. Mas depois serão quase 700km até Buenos Aires com passagem por Rosário. É um Portugal de cima a baixo. Para quem vai de carro não será tão complicado, mas para os motards, esgotados, será um esforço suplementar.

Este último dia é um dia complicado de se gerir. Há muitas sensações e um misto de emoções. O levantar é diferente. A ida para o início da especial é diferente. Claro que há algumas excepções. Adrien Van Beveren e Gerard Farres vão lutar pelo pódio, separados que estão por 12 segundos apenas. Para os outros, a sensação de partida será diferente. Há um relaxamento natural em conjunto com uma grande ansiedade de chegar ao fim, mas é imperioso que a concentração seja total. Já vi pilotos cometerem erros devido, precisamente, a esse relaxamento.

A ligação vai ser uma enorme festa. Os argentinos adoram desportos motorizados. Quando a prova saiu de Buenos Aires, nós não víamos a auto-estrada onde havia milhares de pessoas à espera. Tivemos de furar entre a multidão para conseguir sair de Buenos Aires. É fantástico haver tanto público que aguarda por nos receber. É o Dakar!     

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