Na Volta a Portugal os outsiders continuam a ser os portugueses

Rui Sousa parte novamente com ambição, Ricardo Mestre já sabe o que é ganhar a prova, mas os favoritos voltam a ser espanhóis, Gustavo Veloso e Alejandro Marque, os dois últimos vencedores.

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A edição do ano passado foi apenas a terceira na história da Volta a Portugal em que nenhum português vestiu a camisola amarela. O espanhol Víctor de la Parte foi o primeiro a envergá-la e dele saiu para o corpo do compatriota Gustavo Veloso, que a manteve até ao fim. Foi um símbolo da era mais recente da prova, que teve somente uma vitória portuguesa nos 11 anos anteriores. A corrida, que arranca esta tarde com um prólogo em Viseu, tem, como sempre, candidatos nacionais ao triunfo, mas voltam, talvez, a ser representantes espanhóis – de equipas portuguesas, é verdade – os principais favoritos: Veloso, o actual vencedor, e o homem a quem este sucedeu, Alejandro Marque.

Entre Viseu e Lisboa haverá dez etapas, mais os seis quilómetros de contra-relógio individual de hoje, numa Volta a Portugal com 137 ciclistas, 16 equipas (nenhuma do principal escalão da UCI e dez delas estrangeiras), 21 contagens de montanha (uma de categoria especial e três de 1.ª), quatro chegadas em alto, 3.060 euros para o mais rápido de cada etapa e 16.045 para o vencedor final.

Além de Veloso (W52-Quinta da Lixa) e Marque (Efapel), só há mais um anterior vencedor da competição entre o pelotão, Ricardo Mestre (Tavira), o homem que colocou em 2011 o seu nome no palmarés, no qual está rodeado de espanhóis. Jóni Brandão, Ricardo Vilela, Hugo Sabido ou Amaro Antunes são outros dos portugueses com ambições, mas se há alguém que ganhou o direito a ser considerado candidato é, apesar dos seus 39 anos, Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista), o ciclista no activo com mais pódios na prova, embora sem nunca a ter vencido (foi 3.º quatro vezes e 2.º há um ano).

"Acho que depois de cinco pódios, e quatro deles consecutivos, sonhar com uma vitória na Volta é normal", admitiu, à agência Lusa, Rui Sousa, que tentará fazer a diferença na montanha antes de se chegar ao contra-relógio na véspera da conclusão da corrida, especialidade que favorece os seus rivais.

Segundo o actual campeão, há um lote de candidatos alargado. "Apontam-me como favorito e eu aponto outros, porque realmente só ganha um. Mas há muitos ciclistas, uns oito ou dez, com hipótese de poder ganhar", disse Veloso. Um deles é Delio Fernández, 3.º em 2014, outro homem a ter em conta, mas que, tal como há um ano, partirá com um papel secundário para o seu líder Veloso no seio da W52.

A vitória na geral individual não escapa a um ciclista de uma formação lusa desde 2006, mas esses triunfos têm sido maioritariamente obtidos por estrangeiros. É uma consequência da internacionalização da prova. Apenas quatro das primeiras 57 edições da Volta não foram ganhas por portugueses, mas a história mudou muito entretanto. Dezasseis das 19 seguintes acabaram com um êxito de um corredor estrangeiro, com destaque para os nascidos no país vizinho.

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