Na fortuna pós-Mundial, o jackpot saiu aos guardiões latino-americanos

Navas (Costa Rica), Ochoa (México), Bravo (Chile) e Ospina (Colômbia) brilharam no Brasil e já deram o salto. Mas não foram os únicos: James, Griezmann e Enner Valencia que o digam.

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David Ospina mudou-se do Nice para o Arsenal Foto: Don Emmert/AFP

Soube que queria ser guarda-redes quando, aos cinco anos, viu um miúdo de 12 fazer uma defesa que ainda hoje guarda na memória. Desde então, a vida de Keylor Navas nem sempre foi fácil, ao ponto de só ter tido as primeiras luvas graças à generosidade do treinador da altura, mas o facto de o Real Madrid ter acabado de pagar 10 milhões de euros ao Levante pelo seu passe prova que o esforço valeu a pena. A fortuna, essa, começou a desenhar-se com o desempenho na Liga espanhola durante a época passada (foi considerado o melhor guarda-redes da prova), mas foi o brilharete no Mundial que lhe escancarou as portas dos “blancos” — além de só ter sofrido um golo nos três jogos da fase de grupos, ficou gravado na memória de Fernando Santos, por ter ajudado a afastar os gregos nos oitavos-de-final.

O prémio não tardou a chegar e, a correr bem, pode durar as próximas seis épocas, a duração do contrato que assinou com o emblema de Florentino Pérez. Mas Navas é apenas um de vários jogadores que viram as boas exibições no Brasil serem premiadas com uma mudança para um clube de maiores dimensões, sendo que, neste leque, os guarda-redes latino-americanos assumem-se como os grandes “felizardos”. Senão vejamos: além do mais recente concorrente de Iker Casillas, também Guillermo Ochoa, do México, Claudio Bravo, do Chile, e David Ospina, da Colômbia, deram o salto durante esta pré-temporada, muito por culpa das exibições de qualidade protagonizadas durante a competição. 

Recuemos ao dia 17 de Junho. Depois de uma vitória sobre a Croácia, no jogo inaugural do grupo A, o Brasil entra na partida frente ao México como claro favorito, mas não consegue mais do que um empate sem golos. O culpado? “Ochoa!”, não hesitarão em apontar Neymar e Thiago Silva, que viram o guardião de 29 anos negar-lhes as tentativas de desbloquear o marcador. A recompensa chegou no fim do mês de Julho, quando Ochoa, que tinha terminado contrato com o Ajaccio, recém-despromovido ao segundo escalão francês, assinou pelo Málaga, 11.º classificado da Liga espanhola 2013-14.

Já Claudio Bravo, que deu nas vistas ao serviço do Chile, mudou-se da Real Sociedad para o Barcelona por 12 milhões de euros (“Tive a sorte de jogar na minha selecção um futebol similar ao do Barça, um futebol agressivo e vistoso”, vincou no dia da apresentação), enquanto David Ospina, o dono da baliza de “los cafeteros” durante o derradeiro Mundial, se transferiu do Nice para o Arsenal por quatro milhões.

 


James e o herói do Equador


Mas a listagem de jogadores que aproveitaram o Mundial para fazer um upgrade na carreira está longe de se esgotar na baliza — James Rodríguez que o diga. É certo que a passagem bem-sucedida pelo FC Porto e o facto de ter sido, na última temporada, o jogador com mais assistências no campeonato francês, ao serviço do Mónaco, há muito faziam adivinhar um futuro auspicioso, mas os seis golos apontados no Brasil, que fizeram dele não só o melhor marcador do torneio como o autor daquele que foi considerado o melhor golo do Mundial, levaram Florentino Pérez a pagar 80 milhões de euros para o ter ao serviço dos “merengues”. 
Também a Madrid, mas ao Atlético, chegou o extremo Griezmann, ex-jogador da Real Sociedad que, no Brasil, deu nas vistas ao serviço da selecção francesa e que custou aos cofres dos “colchoneros” uma verba de 30 milhões de euros. 

E recorda-se do avançado do Equador que marcou todos os três golos da “Tricolor” no Mundial? Pois é, Enner Valencia foi o homem que mais procurou conduzir a selecção de Reinaldo Rueda aos oitavos-de-final. Não conseguiu, é certo, mas o esforço valeu-lhe o reconhecimento do West Ham, que o resgatou ao Pachuca, do México, por 15 milhões de euros, o mesmo que o Arsenal (que resgastou o costa-riquenho Joel Campbell do empréstimo ao Olympiacos) pagou ao Newcastle para garantir os serviços de Matieu Debuchy, um dos indiscutíveis de Didier Deschamps. 

Neste leque, há ainda que incluir o belga Divock Origi que, apesar dos seus 19 anos, foi chamado por Marc Wilmots em todos os cinco encontros dos “diabos vermelhos” na competição, tendo mesmo apontado o golo da vitória frente à Rússia. Vai daí, o Liverpool fez questão de pagar 12,6 milhões ao Lille para garantir que poderia contar com o avançado no futuro, embora os “reds” já tenham anunciado que o jogador passará mais uma época em França, por empréstimo. Destaque ainda para dois holandeses, ambos ex-Feyenoord, que foram sempre opção por parte de Louis Van Gaal e cuja resposta positiva lhes permitiu dar o salto: De Vrij foi contratado pela Lazio por 8,5 milhões de euros, ao passo que Janmaat vai actuar no Newcastle, que desembolsou seis milhões. 

Quem também esteve de olho nos encontros que decorreram em terras de Vera Cruz foi o FC Porto — pelo menos a avaliar por duas das contratações que já garantiu para a nova época. Os “dragões” pagaram 7,7 milhões de euros para garantir os serviços de Bruno Martins Indi, aposta incontestável para o eixo da defesa da “laranja mecânica”, e 6,5 milhões por Brahimi, médio ofensivo ex-Granada, que deu nas vistas ao serviço da selecção argelina.

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