Monza tenta equilibrar-se no arame da Fórmula 1

Negociações para a continuidade do Grande Prémio de Itália ditarão o futuro de uma das mais míticas corridas do calendário.

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Max Rossi/Reuters

A Fórmula 1 vive dias de mudança e, num certo sentido, de perda de identidade. Os desafios económicos que têm saído ao caminho da modalidade estão a colocar em risco o calendário tal como o conhecemos. Depois de a Alemanha, país-natal da escuderia mais forte da actualidade, ter abdicado da organização de um dos Grandes Prémios deste ano, é a vez de Itália se pronunciar, não sobre 2015, mas sobre o futuro para lá de 2016. Um futuro que está longe de estar assegurado.

Ivan Capelli, piloto de Fórmula 1 entre 1985 e 1993, é hoje o homem do leme do circuito de Monza, uma das míticas paragens da modalidade desde os anos 1950, data do início da competição. E o italiano, que terá em Junho uma reunião determinante com o patrão da categoria, Bernie Ecclestone, promete fazer tudo para manter o território no calendário.

“Monza não é apenas o palco de um determinado desporto, mas faz parte da história do meu país. Desde 1922 que nunca tivemos problemas com o cancelamento em algumas categorias por motivos financeiros”, adianta o responsável pela corrida transalpina, numa entrevista ao jornal Corriere dello Sport.

Acontece que o cenário actual parece ser bem mais exigente do que noutras eras. A Federação Internacional do Automóvel (FIA) cobra mais de 18 milhões de euros pela realização de cada Grande Prémio na Europa (a excepção é o Mónaco, que paga 12,3 milhões), um obstáculo que foi suficiente para minar o interesse dos responsáveis pelos circuitos de Nurburgring e Hockenheim, deixando a Alemanha (pela terceira vez nos últimos 65 anos) de fora do Mundial que arrancou no mês passado.

E não é coisa pouca, que o país que acolhe a Mercedes, actual campeã mundial de pilotos e construtores e a mais séria candidata a revalidar o título neste ano, tenha decidido virar as costas a Bernie Ecclestone. De resto, já França havia tomado uma decisão semelhante em 2009, falhando desde então a presença no Campeonato do Mundo da especialidade. Itália porderá ir pelo mesmo caminho?

"Ecclestone não parece muito receptivo a negociar, mas temos de o fazer mudar de ideias. Temos de ser nós a apresentar as propostas certas. Temos de falar os dois e encontrar uma distribuição justa de custos e benefícios", aponta Capelli, que espera também que as bancadas de Monza possam contar com os fãs alemães que procurem alternativas nos países mais próximos ao longo da presente temporada.

O processo negocial tem sido, até ver, bastante demorado. As conversações arrastam-se desde o ano passado, tudo porque Ecclestone entende que o acordo em vigor é desastroso para a Fórmula 1, sublinhando que os maus resultados da Ferrari nos últimos anos têm contribuído para o afastamento do público italiano.


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