Milionários com o cinto apertado

Sob gerência russa, o Mónaco começou por ser gastador. Mas depois vendeu os anéis e encarregou Leonardo Jardim de valorizar os jovens.

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Em pouco tempo, a missão de Leonardo Jardim no Mónaco mudou Eric Gaillard/Reuters

Longe vão os dias em que, dos bolsos sem fundo de Dmitriy Rybolovlev, saíam milhões destinados à equipa do Mónaco. O milionário russo adquiriu o emblema do principado em Dezembro de 2011, quando ainda andava pela II Divisão do futebol francês, e ao longo de mais de dois anos choveu dinheiro para contratações. Chegaram futebolistas de categoria mundial, como Radamel Falcao, James Rodríguez e João Moutinho (juntos custaram cerca de 130 milhões de euros) e, no ano de regresso à Ligue 1, os monegascos foram vice-campeões e garantiram o regresso à Liga dos Campeões.

Mas a euforia não durou e a crise atingiu o Mónaco em cheio, obrigando a apertar o cinto de forma drástica. A estratégia do clube mudou radicalmente e os dirigentes russos desfizeram-se das jóias: tão depressa como tinham chegado, os “craques” fizeram as malas e partiram. Falcao foi emprestado ao Manchester United, nos derradeiros instantes do mercado de transferências, e Rodríguez rumou ao Real Madrid, em mais uma contratação milionária de Florentino Pérez. Ultrapassado pelas circunstâncias, o recém-chegado Leonardo Jardim — que, após um ano no Sporting, foi escolhido para render Claudio Ranieri — ficou com uma missão consideravelmente mais complicada.

Os responsáveis do clube defenderam-se com os requisitos do fair play financeiro (o Mónaco é um dos emblemas cujas contas estão sob o olhar atento do Comité de Controlo Financeiro dos Clubes da UEFA), assim como a obrigatoriedade de pagar 50 milhões de euros à Liga francesa, para contornar a exigência de mudar a sede do clube para território com jurisdição semelhante àquela a que estão sujeitos os restantes emblemas.

No meio de toda esta turbulência, as coisas não começaram bem para a equipa de Leonardo Jardim, com duas derrotas consecutivas a abrir o campeonato. No final de Agosto, aquando do sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões, o Mónaco era apontado como o elo mais fraco do Grupo C, no qual também ficaram Benfica, Zenit S. Petersburgo e Bayer Leverkusen.

“Inicialmente as directrizes deste projecto eram diferente e nós acreditávamos que íamos construir uma equipa com outras ambições imediatas”, admitiu há pouco tempo o treinador português, em entrevista ao diário desportivo O Jogo. “Agora, o projecto é rentabilizar ao máximo o plantel jovem que temos”, acrescentou. E Leonardo Jardim tem às suas ordens 15 jogadores com 21 anos ou menos, incluindo o internacional sub-21 português Bernardo Silva, emprestado pelo Benfica.

Com a matéria-prima de que dispõe, Jardim conseguiu inverter o arranque negativo e, actualmente, os monegascos são décimos classificados no campeonato francês, embora estejam a apenas quatro pontos do segundo lugar. Porém, mais notável do que isso, é a carreira da equipa na Liga dos Campeões: o Mónaco comanda a classificação do Grupo C, tendo começado por receber e bater o Bayer Leverkusen (1-0) e depois conquistado um empate (0-0) no terreno do Zenit.

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