Menos praticantes, menos clubes e menos subsídios

O mapa desportivo de Portugal encolheu em tudo nos últimos três anos. Menos nas medalhas.

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Emanuel Silva e Fernando Pimenta, na canoagem, conquistaram a única medalha portuguesa nos Jogos Olímpicos de 2012 Darren Whiteside/Reuters

Em três anos quase tudo encolheu no desporto português. Há menos praticantes federados, menos clubes e menos apoio estatal. Inversamente o número de medalhas subiu ligeiramente. De acordo com os números disponibilizados pelo Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), a quebra do número de praticantes em 2012 para 2013 é ligeira (172), tornando-se mais acentuada no número de clubes (menos 32) e muito significativa em termos de comparticipação financeira do Estado ao desporto (menos 10,2 milhões). Ainda assim, entre modalidades olímpicas e não olímpicas, o número de medalhas conquistadas por atletas portugueses teve uma ligeira subida (mais 18).

Se há algo que é uma constante no mapa desportivo português ao longo dos anos, é a modalidade com mais praticantes. O futebol é, de longe, o desporto mais popular do país, o que se reflecte no número de jogadores federados, mais de 153 mil, um número que não tem parado de crescer nas últimas duas décadas – em 1996 eram 95 mil os federados. Os dados mais recentes disponíveis são de 2013 e, nesse ano, os futebolistas representam quase um terço do total de praticantes federados em Portugal, 524 mil.

Mais nenhuma das 69 federações desportivas na lista ultrapassa os 100 mil praticantes. Entre as cinco com mais atletas federados contam-se ainda duas modalidades colectivas – andebol, 46 mil, e voleibol, 43 mil – e duas modalidades individuais – ténis, 18 mil, e karaté, 15 mil. Se no caso do andebol houve um crescimento significativo entre 2011 e 2013 (de 40 mil para 46 mil), no ténis registou-se uma grande quebra, de 25 mil para 18 mil.

O número de clubes desportivos também tem vindo a descer nos últimos anos. Depois do crescimento que se verificou entre 1997 e 2006 (de 5598 para 12677), a tendência inverteu-se a partir de 2007 e, de acordo com os dados disponíveis para os anos da presente legislatura, passou-se de 10862 clubes para 10236, o que representa uma perda de 626 clubes. O futebol é o desporto com mais clubes dedicados (1986), e Lisboa (1858) e Porto (1681) são os distritos com mais clubes. No pólo oposto, Bragança (90) e Portalegre (116) são os distritos com menos clubes.

Onde se encontra a variação mais significativa é no volume de comparticipação estatal ao desporto. De 2011 para 2012, ano de Jogos Olímpicos, até houve um acréscimo de 1,3 milhões de euros, de 38,2 milhões para 39,5 milhões, mas caiu de forma significativa para 29,3 milhões em 2013. A baixa regista-se, principalmente, nos planos de comparticipação ao Alto Rendimento e às Selecções Nacionais, que foi de menos 4,7 milhões, sendo que, neste capítulo, estão incluídas a preparação olímpica e paralímpica, para além das despesas das missões portuguesas em eventos internacionais.

A liderar a lista das federações desportivas que mais apoios recebem, sem contar com o Comité Olímpico de Portugal, está a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que, em 2013, teve uma comparticipação estatal de 2,9 milhões de euros, ainda assim, bem longe do que recebeu, por exemplo, em 1999 (9,7 milhões). A completar o “top cinco” estão, por esta ordem, as federações de basquetebol (2,6 milhões), atletismo (2,4 milhões), andebol (2,4 milhões) e voleibol (1,9 milhões). Com sete excepções (automobilismo, desportos de Inverno, futebol, kickboxing, orientação, pesca desportiva e tiro), todas as outras federações tiveram menor comparticipação estatal de 2012 para 2013.

Em termos de medalhas conquistadas, houve uma pequena subida (18) entre 2012 (236) e 2013 (268), sendo que, aqui, falamos de modalidades olímpicas e não olímpicas. Entre as modalidades do programa olímpico, incluindo desporto adaptado e desporto universitário, conquistaram-se 45 medalhas em 2013, sendo o judo (13) e o desporto (adaptado) as que mais posições de pódio recolheram. Entre as modalidades não olímpicas, também com as vertentes de desporto adaptado e universitário, é o desporto adaptado a garantir a maior fatia das medalhas (133 em 268 conquistadas), seguindo-se a ginástica nas suas provas não olímpicas (14) e o kickboxing (14).

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