Mais de 200km de fuga deram a vitória na etapa mais longa do Tour

Depois de percorrer 237,5kms durante mais de 6 horas numa bicicleta, Michael Rogers pôde festejar.

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Michael Rodgers festeja o seu triunfo na etapa mais longa do Tour Jean-Paul Pelissier/Reuters

O Tour não é apenas difícil por causa da sua duração (três semanas), da concorrência que existe entre os membros do pelotão (composto pelos melhores ciclistas que há) ou do percurso (que passa pelos Alpes e Pirenéus). Também o é por causa de etapas como a desta terça-feira, entre Carcassonne e Bagnères-de-Luchon. A mais longa tirada da edição deste ano da Volta à França tinha 237,5kms de extensão e cinco contagens de montanha — a última das quais de categoria especial — e o australiano Michael Rogers (Tinkoff-Saxo) passou mais de seis horas em cima de uma bicicleta até poder festejar, sozinho, o seu primeiro triunfo na competição em dez participações.

Antes de os ciclistas saírem para a estrada, soube-se que Rui Costa (Lampre-Merida), campeão mundial e o português melhor classificado na geral, abandonava. Um final inglório para o corredor que ocupava o 13.º posto mas que não foi capaz de recuperar de uma broncopneumonia.

Na sua página do Facebook, o atleta explicou que a bronquite de que vinha a sofrer nos últimos dias evoluiu para uma broncopneumonia e, por isso, o médico da equipa aconselhou-o a abandonar. Rui Costa contou que na segunda-feira, dia de descanso da prova, sentiu-se mal após o treino, com dores musculares e febre, tendo sido depois transportado ao hospital para fazer exames médicos. “Fui levado ao hospital fazer um raio-x e o resultado foi este. Ainda esperámos para ver como despertava hoje [ontem] para tomar uma decisão definitiva, mas sinto-me pior”, escreveu o corredor que regista, assim, o segundo abandono em seis participações.

Bem, fisicamente, teve que estar Michael Rogers, com 34 anos, para aguentar até ao fim, juntamente com vários outros ciclistas, uma fuga iniciada pouco depois da passagem do quilómetro 60. O australiano isolou-se depois, na ponta final, para cruzar isolado a meta. Foi um regresso de sonho ao Tour, depois de uma suspensão temporária por doping, revogada posteriormente pela União Ciclista Internacional que considerou que o seu positivo por clembuterol se deveu ao consumo de carne contaminada. “Foi fantástico. Quando cheguei ao topo da última subida, a corrida começou para mim. Sabia que o Voeckler seria difícil de bater. Tentei deixá-lo, porque sabia que tinha mesmo de o fazer. Disse a mim mesmo: ‘não brinquem comigo, porque não vão vencer-me’. Já estive nesta posição muitas vezes, a de não ganhar”, disse o australiano após terminar a etapa.

Na segunda posição ficou o francês Thomas Voeckler (Europcar), o melhor no sprint do grupo que se seguiu ao homem da Tinkoff-Saxo. O líder Vincenzo Nibali (Astana) perdeu mais de oito minutos para o vencedor da 16.ª etapa mas manteve a amarela, enquanto o francês Thibaut Pinot (FDJ) roubou o segundo lugar da geral ao seu compatriota Romain Bardet (AG2R).

CLASSIFICAÇÕES

16.ª ETAPA

1.º Michael Rogers (Tinkoff-Saxo)6m07,10s

2.º Thomas Voeckler (Europcar) a 9s

3.º Vasili Kiryienka (Sky)m.t.

4.º José Serpa (Lampre-Merida)m.t.

5.º Cyril Gautier (Europcar)m.t.

(...)

18.º Nélson Oliveira (Lampre-Merida) m.t.

25.º Rui Costa (Lampre-Merida)m.t.

77.º José Mendes (NetApp-Endura) a 18s

78.º Tiago Machado (NetApp-Endura)m.t.

159.º Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo) a 12m20s

GERAL

1.º Vincenzo Nibali (Astana) 73h05m19s

2.º Alejandro Valverde (Movistar)a 4m37s

3.º Thibaut Pinot (FDJ)a 5m06s

4.º Jean-Christophe Péraud (AG2R) a 6m08s

5.º Romain Bardet (AG2R)a 6m40s

(...)

76.º Tiago Machado (NetApp-End.)a 2h22m41s

95.º Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo)a 2h42m43s

103.º Nélson Oliveira (Lampre-Mer.)a 2h46m13s

130.º José Mendes (NetApp-End.)a 3h11m47s

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