Luís Duque: “Não chego aqui iludido. Chego preocupado, muito preocupado”

Novo presidente da Liga de clubes quer recuperar credibilidade do organismo.

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Duque não será remunerado pelas funções na LPFP Rui Gaudêncio (arquivo)

Foi eleito, tomou posse e discursou: Luís Duque sucede a Mário Figueiredo na presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e aponta como prioridade a regularização da situação financeira do organismo. O dirigente pediu também o apoio dos clubes para fazer a Liga “unida, forte e credível” que deseja.

“Não chego aqui iludido. Chego preocupado, muito preocupado. Todos devemos sentir-nos assim. A Liga não é do presidente, é dos clubes”, sublinhou Luís Duque, descrevendo esta segunda-feira como “o dia zero da nova Liga”. “Mas não quero ver os presidentes dos clubes só no dia zero, quero os presidentes todos os dias, num desafio colectivo, sem precedentes. Vamos procurar conhecer a real situação financeira da Liga, que no Conselho de Presidentes que convocarei será partilhada. Esse é o nosso ponto zero, a nossa casa de partida. Um cenário bem longe do ideal”, admitiu.

Duque apontou como prioridades para o seu mandato (2014-18) o desenho do “novo modelo de administração da Liga, com forte representação dos clubes”. E também a regularização das contas: “Temos tarefas a curtíssimo prazo: as contas de 2012-13 foram reprovadas. O orçamento para 2013-14 nunca se aprovou. As contas 2013-14, não as conheço. O orçamento 2014-15 não foi apresentado para apreciação. É o que nos vai ocupar nestas semanas. Pessoalmente, preferia estar a mandar comprar os sprays para ajudar os árbitros nas suas tarefas”, confessou o novo presidente da LPFP.

“Quero uma Liga forte, liderada pelos clubes, que enfrente os problemas mas seja líder em inovação e ouse fazer o que ainda não foi feito. Todos os clubes serão chamados a intervir e dar o seu contributo. Só assim chegaremos à Liga que queremos: unida, forte e credível”, prosseguiu Luís Duque, citando áreas como a regulamentação, sustentabilidade e exploração de direitos. “Além das tarefas urgentes e práticas, precisamos de iniciar de imediato a revisão estatutária da Liga, para que antes de 2015-16 o novo modelo de governação esteja em vigor”, acrescentou ainda o dirigente. “Os clubes governam esta instituição e a Liga deve distribuir dividendos pelos seus associados”, vincou.

Duque confessou também ser “a favor da negociação centralizada dos direitos televisivos para as competições profissionais de futebol”. “Está provado que o modelo funciona. Mas ninguém avançará para esse modelo com uma mão cheia de nada. Sejamos realistas: a centralização, pelo momento que vivemos e pelo muito que temos de trabalhar, não será o oásis. Importa estudá-la com os clubes e o mercado. Os parceiros para esta mudança estão nas televisões de Portugal e do mundo. Chegaremos à conclusão que talvez não estejamos em lados diferentes de trincheiras”, apontou o ex-dirigente do Sporting.

Uma primeira decisão tomada enquanto presidente da LPFP foi já anunciada por Luís Duque: “Vou renunciar na íntegra ao salário afixado para presidente da Liga. Vim numa missão, não em busca de um emprego.”

Dirigindo-se aos governantes do país, Duque disse que “o futebol não quer favores”. “Somos um desporto, o desporto mais praticado em Portugal. O topo da pirâmide precisa de respirar, de crescer, e não de definhar com mais e mais carga fiscal. A nossa competência deve ser reconhecida como um contributo líquido para a balança de pagamentos de Portugal. A Liga merece mais. Vamos trabalhar para muito mais”, frisou.

As relações com a Federação Portuguesa de Futebol são outro aspecto no qual Luís Duque pretende trabalhar: “Caro Fernando Gomes, considere este como um dia determinante para as relações entre as duas instituições que presidimos. Um trabalho a desenvolver em parceria, com confiança, competência e credibilidade para recuperar a normalidade e o caminho do crescimento. Os clubes profissionais precisam da sua ajuda. Precisamos de um plano de longo prazo, e não apenas tratar de questões financeiras – que, sendo importantes, não podem ser a essência da relação.”

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