Kenenisa Bekele às portas do recorde da maratona em Berlim

O atleta etíope ficou a cinco segundos do melhor registo mundial na distância.

Foto
Bekele no momento em que corta a linha de meta, em Berlim JOHN MACDOUGALL/AFP

O etíope Kenenisa Bekele venceu neste domingo a 43.ª edição da maratona de Berlim, conhecida por ser a mais rápida do mundo e em que participaram 41.283 atletas de 122 países diferentes, com o tempo fabuloso de 2h03m03s. Com este registo, Bekele ficou a apenas cinco segundo do recorde mundial da distância, estabelecido no mesmo local pelo queniano Dennis Kimetto, em 2014.

A capital alemã voltou a proporcionar um percurso ideal num dia perfeito para a corrida de longa distância e assim o recordista mundial dos 5000m e 10.000m, de há muitos anos a esta parte, quase conseguia o feito inédito de juntar o máximo da maratona àqueles outros dois. Outro etíope, Haile Gebrselassie, deteve os recordes mundiais nessas três provas, mas não cumulativamente em termos temporais, pois chegou ao da maratona quando Bekele já era detentor dos máximos nas provas de pista.

Há dois anos e meio Kenenisa Bekele, agora com 34 anos, estreava-se na maratona em Paris, com 2h05m04s e uma vitória muito prometedora, mas a sua sequência na distância olímpica mais longa não foi a ideal. Esteve lesionado e voltou a correr os 42.195m em Londres, em Abril passado, tendo então terminado em terceiro, longe do máximo pessoal, e depois não seria seleccionado para os Jogos do Rio de Janeiro. Esse tal recorde pessoal de Paris colocava Bekele em 32.º lugar das listas mundiais antes da prova de ontem, mas o etíope sabia ao que vinha.

Desde cedo que na frente se andou em tempos de recorde do mundo, com uma passagem aos 10km, por exemplo, em 29 minutos exactos, 24 segundos mais rápida do que Kimetto fizera aquando do máximo mundial. À meia maratona Bekele e o queniano Wilson Kipsang, um antigo recordista mundial (com 2h03m23s em Berlim também, em 2013) que regressou neste domingo ao seu melhor nível, circulavam no tempo alucinante de 61m11s, 34 segundos à maior sobre Kimetto, e isto quando as lebres de serviço já há muito se haviam retirado. Aliás, Bekele passava mais rápido do que o seu recorde pessoal oficial na meia maratona, estabelecido em Agosto de 2014 em Chicago, com 62m12s., e com outra metade de corrida pela frente.

No entanto, seria Kipsang o primeiro a adiantar-se. Um pouco antes dos 30km (1h27m26s) passava com quatro segundos de avanço sobre Bekele que, por seu lado, ia deixando para trás os quenianos Alfers Lagat e Evans Chebet e o seu compatriota Sisay Lemma, e uma légua mais tarde (1h42m01s) tinha cinco segundos à maior.

Mas o final de Bekele foi digno dele próprio e aos 40km (1h56m55s) apanhava Kipsang e depois escapava à entrada do derradeiro quilómetro para um triunfo glorioso. O tempo de 2h03m03s fica como o segundo resultado de sempre em maratonas com percurso regular (Boston 2011 tem uma marca de 2h03m02s não oficialmente aceite, de Geoffrey Mutai), Kipsang obtinha um grande recorde pessoal de 2h03m13s, enquanto outra corrida, autenticamente, dava o terceiro lugar a Evans Chebet, com 2h05m31s.

O domínio africano foi absoluto, com o primeiro de fora do continente negro a ser o japonês Yuki Kawauchi, 13.º com 2h11m03sm, e o melhor europeu a chegar logo a seguir, o sueco Mikael Ekvall com 2h13m16s.

No lado feminino, triunfou a etíope Aberu Kebde, com 2h20m45s, a 15 segundos do seu máximo pessoal, seguida das suas compatriotas Birhane Dibaba (2h23m58s) e Ruti Aga (2h24m41s), enquanto a japonesa Reia Iwade era quarta (2h28m16s), e a alemã Katahrina Heinig, filha da atleta da RDA Katrin Dörre-Heinig, terceira da maratona dos Jogos Olímpicos de Seul em 1988, ganha por Rosa Mota, era quinta com um interessante máximo pessoal de 2h28m34s, batido por cinco minutos e meio.

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