O primeiro dia de José Peseiro como treinador do FC Porto teve direito a uma introdução telegráfica de Pinto da Costa, da qual se extrai essencialmente uma palavra: unanimidade. Unanimidade na escolha do substituto de Julen Lopetegui, depois de outros nomes terem vindo a público. O novo técnico desvendou o primeiro contacto com o presidente do clube e prometeu lutar pela conquista de todas as provas, com excepção da Taça da Liga, naturalmente.

"Fui contactado pelo presidente na manhã do dia seguinte ao empate com o Rio Ave em casa. Tinha jogo nesse dia e o presidente perguntou-me da minha disponibilidade, se me sentia confortável e envolvido num projecto que é vencedor. O que ficou acertado é que a seguir ao jogo da Taça, com o Boavista, falaríamos para ultimar alguma coisa importante", começou por explicar, desarmando qualquer questão futura sobre o palmarés que traz consigo: "Muitos ganharam nome estando no FC Porto, muitos treinadores portugueses não tinham ganho nada até chegarem ao FC Porto".

O foco agora está direccionado para o futuro imediato e o futuro imediato é o jogo com o Marítimo, no fim-de-semana. O que pode José Peseiro mudar nos próximos dias? "Em três dias não há muito para mudar, pontualmente poderá existir alguma alteração, mas o fundamental é que os jogadores sintam que têm qualidade", começou por sublinhar. Mais tarde haveria de voltar a essa ideia, insistindo na questão da autoconfiança, na necessidade de resgatar os índices de motivação do plantel.

"Vou fazer o que é mais importante para a equipa. É trabalhar bem, confiarmos uns nos outros, os jogadores sabem da exigência que têm mas o fundamental é eles saberem que estão aqui porque são bons. Podem estar desconfiados, mas sabem que têm competência, que têm qualidade e que já fizeram coisas muito boas", acrescentou, desvalorizando a eventual necessidade de reforçar o plantel.

A prioridade de José Peseiro é recuperar, animicamente, o plantel, mas implantando as suas ideias. "Tenho as minhas ideias, tenho uma forma de liderar diferente, de ver o jogo diferente e é isso que é preciso aceitar. Não vou refugiar-me nalguma coisa que está feita", respondeu, quando confrontado com a necessidade de gerir ou romper com a herança de Julen Lopetegui. Uma coisa é certa: o ex-treinador do Al Ahly quer dar liberdade aos jogadores. "Não quero marionetas", ilustrou.

Entre agradecimentos a Pinto da Costa - "Tenho a certeza que não o vou deixar mal" - e aos jogadores, uma vez mais - "Temos muitos jogadores de grande qualidade" -, Peseiro elogiou um clube "estruturado para ter sucesso" e deixou uma garantia. "Sei que vamos lutar pelos objectivos a que o FC Porto se comprometeu. Estou aqui para vencer, para ajudar a vencer", reforçou.

Uma última palavra para os adeptos, para os mais e para os menos conformados com a actual mudança de rumo do clube. "Ainda bem que os portistas não estão totalmente satisfeitos. Precisamos deles, precisamos de estar mais unidos do que nunca", insistiu, apresentando um apelo claro: "Sabemos que temos muitos adversários e não queremos que os adversários sejam os portistas"