Jornal britânico fala de conflito de interesses de Jorge Mendes

The Guardian diz que agente português e Peter Kenyon estão ligados a fundos de investimento.

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Jorge Mendes Paulo Pimenta

Um artigo no The Guardian refere ligações de Jorge Mendes à co-propriedade de jogadores, um cenário que o jornal britânico classifica como “conflito de interesses” e que diz estar em contradição com os regulamentos da FIFA. Concretamente, o diário diz que o português, agente de futebolistas (e treinadores) e intermediário em muitas transferências, aconselha fundos a investir na compra de percentagens de passes de jogadores de clube em Portugal e Espanha, incluindo atletas que poderão ser representados por si.

Segundo o jornal, num artigo intitulado "Jorge Mendes: o homem mais poderoso no futebol?", o português e o britânico Peter Kenyon, antigo director de Manchester United e Chelsea, aconselharam fundos de investimentos sediados na Ilha de Jersey ou em Gibraltar, ambos paraísos fiscais, a investir mais de 127 milhões de euros na compra de direito económicos de jogadores.

No artigo é recordada a enorme influência, nos últimos anos, do super-agente nas transferências dos três grandes portugueses, Benfica, Sporting e FC Porto, assim como no Sporting de Braga, mas também a sua importância para clubes como Real Madrid, Atlético de Madrid, Chelsea, Mónaco ou Valência.

Em Portugal, já foram apontadas várias vezes supostas ligações de Jorge Mendes a fundos de investimento e também a discussão sobre o regime de co-propriedade não é novidade: este método é recorrente (a posse do passe dos atletas é partilhada com os fundos) e, mais recentemente, foi notícia por causa do conflito entre Sporting e a empresa Doyen Sports no caso de Marcos Rojo.

Este sistema é justificado pelos clubes como uma forma de terem oportunidade de fazerem contratações que de outro modo não conseguiriam financiar. Mas é criticado pela UEFA e proibido em Inglaterra. O The Guardian cita um relatório conjunto do Centro de Direito e Economia do Desporto e do Centro Internacional de Estudo do Desporto, encomendado pela FIFA, que concluiu existirem várias situações em que há um conflito de interesses. “O agente, cujo primeiro dever deveria ser defender os interesses do seu cliente, o jogador, na realidade é dono de uma parte do seu passe e por isso tem um interesse financeiro na sua venda”, lê-se no jornal, que refere ainda que o relatório afirma que os agentes mais influentes do futebol estão envolvidos em negócios de co-propriedade.

O artigo sublinha o caso do Sporting, lembrando as críticas de Bruno de Carvalho aos fundos de investimento. “O Sporting não cede a chantagens, a pressões de agentes e de fundos, não cede a atitudes que desrespeitem o clube”, declarou, perto do arranque da Liga, o presidente "leonino", referindo-se aos braços-de-ferro de então com Rojo e Slimani. “Esta é uma situação com que o Sporting não concorda. Principalmente em situações em que a renovação do contrato com os jogadores dependia da venda de parte do passe [aos fundos]”, afirmou um porta-voz do Sporting, citado pelo The Guardian, referindo-se à alegada ligação de Mendes aos fundos.

O jornal dá o exemplo de um prospecto de um fundo chamado Quality Sports V Investments LP em que as empresas Gestifute (de Mendes) e Opto (de Kenyon) são descritas como conselheiras e como importantes mais-valias para os potenciais investidores, dada a experiência e a influência dos dois empresários junto dos grandes clubes europeus.

Mangala (do FC Porto para o Manchester City: num negócio global de 40 milhões de euros), Diego Costa (Atlético de Madrid-Chelsea: 40), James Rodríguez (Mónaco-Real Madrid: 80), Ángel Di María (Real Madrid-Manchester United:75) e o empréstimo de Falcao (Mónaco-Manchester United: 8,5) foram as grandes transferências desta temporada de futebolistas representados por Jorge Mendes.

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