Jogo Alemanha-Argélia sob forte vigilância em França

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Os festejos argelinos em França têm sido marcados por alguns incidentes BORIS HORVAT/AFP

Alemanha e Argélia defrontam-se nesta segunda-feira (21h) nos oitavos-de-final do Mundial 2014 e as autoridades francesas resolveram reforçar as medidas de segurança, para tentar evitar os incidentes dos últimos dias.

“Apelamos a todos para que celebrem as vitórias com muita serenidade” declarou o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Harlem Désir, ao canal de televisão privado LCI.

Mais de 70 pessoas foram detidas no dia 26 de Junho, após o jogo com da Argélia com a Rússia, e três dezenas já tinham sido igualmente detidas após o jogo com o Brasil, no dia 22 de Junho.

“Temos de festejar com cuidado e não deixar que conflitos estraguem o que deve ser uma festa”, acrescentou Désir, justificando o reforço de segurança nas grandes cidades francesas: “As autarquias já implantaram dispositivos para assegurar que tudo se passe dentro da normalidade.”

Mais de 500 polícias e militares, incluindo quatro unidades móveis, foram mobilizados em Lyon (Centro-Este de França) para este encontro. Ou seja, mais do que os efectivos que habitualmente são destacados para os derbys do campeonato francês ou para os festejos do Ano Novo ou o 14 de Julho, segundo o director do departamento de segurança pública da região, Albert Doutre.

Segundo o Governo, os incidentes foram provocados por grupos minoritários, que serão levados à justiça.

“Há sempre algumas pessoas conflituosas, mas são  extremamente minoritários”, defendeu Harlem Désir, acrescentando que “devem ser condenados”.

“Gostaria de não pôr no mesmo saco aqueles que causam conflitos e a maioria das pessoas, que se comporta pacificamente” disse o secretário de Estado.

Alguns dos incidentes ocorreram com as forças policiais, que usaram granadas de gás lacrimogéno, além de terem sido queimados carros e de edifícios terem sido vandalizados.

O primeiro-ministro, Manuel Valls, condenou os incidentes, julgando-os “intoleráveis”. “Eles estragam a festa”, acrescentou, evocando os milhares de adeptos que celebraram a vitória da sua equipa.

Fora de Lyon, também se registaram incidentes em Marselha (Sul), no Norte e no Leste da França. Um dispositivo de segurança muito importante foi implantado na Avenida dos Champs-Elysés, em Paris. Algumas dezenas de adeptos tinham lançado projécteis contra polícias que estavam no meio da Praça Charles de Gaulle.

A comunidade de origem argelina é a mais importante comunidade de imigrantes em França. Segundo o Insee (Instituto Nacional de Estatística), há em França mais de 700.000 imigrantes argelinos (nascidos na Argélia e de nacionalidade argelina) e um milhão de descendentes de imigrantes argelinos, sem contar com os descendentes de terceira geração e os “harkis” de nacionalidade francesa.

A dirigente de extrema-direita Marine Le Pen, cujo partido (Frente Nacional) venceu as eleições europeias de Maio, defendeu que os incidentes são a prova de que houve um falhanço na integração destes imigrantes. “Isto demonstra o fracasso total da política de imigração no nosso país”, disse Marine Le Pen.

Le Pen exige que as autoridades francesas que coloquem um ponto final na “dupla nacionalidade”. “É preciso escolher: ou somos argelinos ou somos franceses, marroquino ou francês, mas não os dois.”

Interrogado sobre este assunto, Désir contestou a “vontade de dizer que tudo vai mal e de convencer pessoas a lutar umas contra as outras.”

A Alemanha e a Argélia jogam nesta segunda-feira (21h) nos oitavos-de-final do Mundial. Se a França derrotar nesta fase a Nigéria e a Argélia vencer a Alemanha, franceses e argelinos defrontam-se nos quartos-de-final, sexta-feira.

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