Latvala venceu o passado no Rali de Portugal

Finlandês conseguiu gerir a vantagem sobre Sébastien Ogier no último dia da corrida e alcançou o ?13.º triunfo da carreira.

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Latvala venceu pela primeira vez em Portugal AFP/FRANCISCO LEONG

“Em Portugal tenho tido alguns acidentes, grandes acidentes, mas isso foi no Sul. Aqui [no Norte do país] foi como começar de novo”. As palavras são de Jari-Matti Latvala, o mais satisfeito dos pilotos que deram corpo à 49.ª edição do Rali de Portugal. O finlandês da Volkswagen foi cauteloso no primeiro dia, destemido no segundo e cerebral no terceiro, para alacançar o 13.º triunfo da carreira. O recorde de Sébastien Ogier (Volkswagen) vai ter de esperar pelo menos mais um ano.

A vantagem de Latvala à partida para a última jornada da prova era de 9,5 segundos, mas havia razões para desconfiar. Afinal, Ogier — forçado a abrir a estrada logo no arranque do rali, por força da condição de líder do Mundial — tinha perdido terreno, mas também tinha recuperado significativamente na véspera, a ponto de assustar o colega de equipa. Por isso, o finlandês optou por uma abordagem cirúrgica às três derradeiras classificativas.

“Decidi atacar só na especial mais longa [Vieira do Minho, 32,35 km]. Sabia que estava em desvantagem em Fafe, porque ‘Seb’ fez o World Rally Sprint em 2014 e eu só fiz em 2012. Sabia que ele iria ser mais rápido e eu pensei que conseguia compensar no troço mais longo. Foi essa a táctica”, revelou o vencedor, citado pela agência Lusa.

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O plano resultou. O bicampeão do mundo impôs-se em Fafe, primeiro num troço de 11,15km a abrir a manhã e posteriormente na Power Stage, mas Latvala foi mais rápido no segmento que fez a diferença e fechou as contas com 8,2 segundos de margem, para confirmar o primeiro triunfo da temporada. Um resultado que, num momento inicial, não convenceu Ogier, que terá de esperar até 2016 para voltar a tentar ganhar em Portugal e, assim, igualar o recorde de cinco triunfos de Markku Alén.

“No final, ouviram de mim alguma frustração, mas falei a quente. Disse que hoje não ganhou o melhor, mas tenho de dizer que Jari-Matti não tem culpa do facto de eu abrir a estrada. São os regulamentos. Ele fez o que tinha de fazer e fê-lo bem”, rectificou o francês, que pôs a tónica na liderança do Mundial. “Não foi perfeito, mas ampliei a diferença no campeonato e esse é o objectivo número um”.

Quem não se pode queixar de todo é a Volkswagen, que colocou três carros no pódio, com o norueguês Andreas Mikkelsen a terminar em terceiro, a 28,6 segundos do vencedor. “Foi melhor do que esperava. Portugal nunca foi o meu forte. Fizemos um grande trabalho, estou orgulhoso pela equipa. Depois do fracasso na Argentina, aparecemos muito bem”, resumiu.

O perseguidor mais directo da marca alemã acabou por ser Kris Meeke (Citroën DS3), já bem distante do trio da frente mas, ainda assim, satisfeito com a prestação global. “Era importante não correr riscos desnecessários e conseguir somar pontos. Adorei as classificativas e foi impressionante ver tanta gente a acompanhar a prova. O ambiente neste rali é extraordinário”, apontou.

No total, segundo números da organização, foram 900 pessoas a trabalhar directamente nos bastidores do rali (500 das quais marshalls), para além dos 1900 elementos das forças de segurança colocados no terreno. Quanto às estimativas de público, apontam para os dois milhões de espectadores ao longo dos quatro dias de competição, que neste domingo desligou a ignição em Fafe, um concelho com grande tradição nas curvas do automobilismo.

“Fafe é um ex-líbris do rali. Felizmente foi possível criar as condições para que o campeonato viesse para o Norte. Vindo para o Norte tinha de estar em Fafe”, congratulou-se o presidente da câmara local, Raul Cunha.

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