Já se corre para bater a barreira das duas horas na maratona

Depois de Dennis Kimetto ter ficado abaixo das 2h3m, começou a corrida para baixar ainda mais a fasquia

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Kimetto ao lado do tempo que fixou como recorde mundial da maratona Hannibal Hanschke/Reuters

Pode um homem correr 42,195kms em menos de duas horas? Com a marca registada em Setembro pelo queniano Dennis Kimetto, que cumpriu a distância em 2h2m57s, em Berlim, baixando pela primeira vez das 2h3m, o debate teve o seu tiro de partida. E aquilo que até há alguns anos era considerado como uma utopia ou algo impossível de atingir pela espécie humana é agora encarado como uma meta a alcançar e já há quem esteja a trabalhar para tornar isso possível.

Na opinião de Haile Gebrselassie, um dos melhores fundistas de sempre e recordista mundial da maratona por duas vezes, tendo sido o primeiro atleta a completar os 42,195kms em menos de 2h4m (embora nunca tenha ganho um título olímpico ou mundial na distância), a questão que se coloca não é tanto se o homem pode baixar das 2h, mas sim quando o conseguirá. E, segundo Gebrselassie, isso vai acontecer algures nos próximos cinco anos.

A convicção do etíope está expressa numa declaração de principios de um programa que foi apelidado de “Projecto abaixo das 2 horas”, que o jornal espanhol El País deu conta recentemente, e que visa, precisamente, chegar mais rapidamente a essa meta . A concretizar-se, isso significaría encontrar um atalho precioso.

Nos últimos 16 anos, o recorde masculino da maratona baixou em mais de três minutos, à média de um minuto por cada cinco anos. A manter-se este ritmo, a barreira das 2h só seria quebrada em 2028. A ideia deste projecto é abreviar este intervalo temporal.

Yannis Pitsiladis é o director científico do programa. E para o professor de Ciências do Exercício e Rendimento e director do SESAME (Centro de Desporto, Exercício e Medicina) da Universidade de Brighton (Reino Unido) o único obstáculo para se atingir aquele objectivo é, meramente económico. A convicção de Pitsiladis é a de que, investindo no treino, isso será alcançável. Aproveitando o facto de trabalhar com as Universidades de Adis Abeba e Eldoret, no Quénia, Pitsiladis indica estas instituições como base do trabalho que quer desenvolver, até atendendo ao facto de os atletas desta zona do planeta revelarem condições excepcionais para a maratona.

Para além deste projecto, há também outros em curso. Um dos referidos é o que se desenvolve em Oregón, nos EUA, dirigido por Alberto Salazar e com a participação do fundista britânico Mo Farah e do norte-americano Galen Rupp.

Mas há quem conteste este cenário de superação humana programada. Para Kenenisa Bekele, também ele um dos melhores fundistas de sempre e actual recordista mundial dos 5000m e dos 10.000m, a meta anunciada ultrapassa as possibilidades da condição humana. "É impossível baixar das duas horas na maratona”, disse Bekele antes decorrer em Chicago, naquela que foi apenas a segunda vez que o etíope completou a distância.

Uma coisa é certa. Um percurso adequado e condições meteorológicas propícias são elementos fundamentais para que a barreira das 2h seja quebrada, por mais completo que seja o atleta que um dia possa vir a quebrá-la.

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