Islândia tenta pescar peixe graúdo

Inglaterra e Islândia procuram, em Nice, decidir quem irá a Paris defrontar a anfitriã França, nos quartos-de-final do Euro 2016.

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Eric Gaillard/Reuters

Depois da “Cod War” (confrontos em torno dos direitos de pesca na zona do Atlântico-Norte) na segunda metade do século XX, Inglaterra e Islândia voltam a defrontar-se, com os islandeses a tentarem pescar este peixe graúdo. Os britânicos, 23 lugares à frente dos nórdicos no ranking FIFA, devem ser considerados favoritos, mas atenção aos islandeses: pé ante pé, chegaram aos oitavos-de-final depois de terem gelado a Áustria, com um golo no último minuto da 3.ª jornada da fase de grupos.

Se para ir da Islândia até Inglaterra basta uma viagem de barco pelo Oceano Atlântico, também no futebol a distância entre estas duas nações é curta. O tipo de jogador que sai da “ilha do gelo” dá-se bem com o futebol britânico e os melhores jogadores islandeses jogam ou já jogaram em Inglaterra. Que o diga Gylfi Sigurdsson, um dos melhores jogadores do campeonato inglês, ou o próprio Eidur Gudjohnsen, experiente avançado que teve sucesso no Chelsea.

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Os jogadores ingleses e islandeses conhecem-se bem, mas as equipas, nem por isso. Este será o primeiro jogo oficial entre as duas selecções, sendo que, para os nórdicos, será o seu primeiro jogo numa fase a eliminar de uma grande competição. Para o avançado Bödvarsson, a falta de experiência não coloca entraves à ambição da equipa: “O nosso objectivo, antes do Euro 2016, era ultrapassar a fase de grupos. Se perguntassem à equipa se estamos satisfeitos, diríamos que não, que queremos mais. A nossa ambição é escrever um capítulo ainda maior na história do futebol da Islândia”.

As estatísticas das equipas neste Europeu permitem desequilibrar, ainda mais, a balança do favoritismo: a Inglaterra tem uma média de 57% de posse de bola, a Islândia, de 34%; os ingleses já remataram 65 vezes, a Islândia apenas 21. Mas há mais: Hannes Halldórsson, guarda-redes da Islândia, é o que tem mais defesas neste torneio (19), o que demonstra que a equipa se sente confortável a defender e a sofrer a pressão do adversário. Esta posição mais defensiva não preocupa Heimir Hallgrimsson, co-seleccionador da Islândia: “Nós recuamos no terreno e entregamos-lhes a posse de bola, mas temos jogado muito bem, especialmente na defesa. Talvez não tenhamos de ter receio disto”.

Um factor que pode contrabalançar o favoritismo e a maior qualidade dos jogadores ingleses é a pressão: a Inglaterra está “a salivar” por uma grande prestação numa competição de selecções, enquanto, para os islandeses, este jogo é definido por Hallgrimsson como uma “vitória garantida”: “Os jogadores já ganharam o coração da população islandesa. Se ganharem, a vida deles vai mudar, mas com uma boa performance amanhã [segunda-feira], eles já serão vencedores”.

Do lado inglês, existem algumas dúvidas na equipa que subirá ao relvado de Nice, mas há pelo menos uma certeza: nesta selecção, Wayne Rooney é, definitivamente, um médio preocupado em construir jogo. O capitão inglês não deixou de abordar esta adaptação: “A posição em que estou a jogar é a melhor para mim e para a equipa. Estive sempre sob grande pressão em competições anteriores, pois era suposto decidir jogos e ganhar provas, mas agora temos vários jogadores que podem fazer isso e sinto-me feliz por recuar um pouco e permitir que os meus colegas façam isso.” 

A defesa deverá manter-se inalterada, havendo a dúvida sobre quem jogará na frente e na ala esquerda: Harry Kane e Raheem Sterling começaram o Europeu como titulares, mas perderam os seus lugares para Jamie Vardy e Daniel Sturridge. Dier, Alli e Rooney deverão ser os escolhidos para o trio do meio-campo e Lallana, que com Roy Hogdson parece ter lugar cativo, deverá jogar descaído sobre o corredor direito. 

Texto editado por Nuno Sousa

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