McCauley em contramão qualifica País de Gales

Selecção de Gareth Bale está nos quartos-de-final do Euro 2016, graças a um triunfo por 1-0, num jogo muito fechado.

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McCauley e Robson-Kanu no lance do golo John Sibley/Reuters

Os próximos dias da vida de Gareth McCauley serão atribulados. O central do West Bromwich fez um xeque-mate involuntário no último quarto de hora do duelo britânico dos oitavos-de-final do Euro 2016 e fez cair por terra a estratégia ultraconservadora da Irlanda do Norte. Foi com um autogolo (1-0), o único recurso possível para desbloquear um jogo fechado a sete chaves, que o País de Gales se qualificou para a fase que se segue, prolongando uma participação a todos os títulos histórica em Campeonatos da Europa.

Duas equipas diferentes com duas estratégias semelhantes. Duas equipas que já poderiam regressar a casa com o sentimento do dever cumprido, fosse qual fosse o resultado deste embate entre vizinhos. E se os jogadores do País de Gales vão ter a oportunidade de prosseguir o sonho muito o devem ao central norte-irlandês, que fez aquilo que nem Gareth Bale, nem Sam Vokes, nem Aaron Ramsey, nem (mais tarde) Robson-Kanu conseguiram. Encontrar o caminho da baliza.

O lance decisivo surgiu aos 75', numa altura em que Chris Coleman já tentava abanar com o tabuleiro de jogo. Numa jogada em que a bol foi girando à entrada da área norte-irlandesa, Ramsey solicitou Bale na faixa esquerda e o jogador do Real Madrid desencantou um cruzamento tenso que ia direitinho para os pés de Robson-Kanu. Já na pequena área, McCauley antecipou-se e o guarda-redes McGovern ficou a ver a bola entrar, inconsolável.

Até então, contavam-se pelos dedos de uma mão as ocasiões de verdadeiro perigo. Estruturada num 3-5-2, forçado a transformar-se quase sempre num 5-4-1 no momento da organização defensiva, a Irlanda do Norte tinha apenas duas abordagens ofensivas: as arrancadas individuais de Stuart Dallas pelo corredor esquerdo ou (expediente repetido vezes sem conta) os lançamentos longos à procura dos centímetros de Kyle Lafferty. Nem uma nem outra surtiram efeito, porque o País de Gales foi sempre muito vigilante e teve o mérito de juntar as linhas e ganhar quase todas as segundas bolas.

O golo (bem) anulado a Ramsey por fora-de-jogo, aos 18' - após assistência do imponente Sam Vokes -, foi a excepção à regra da monotonia junto das balizas e o livre directo (mais um) de Bale aos 58' o lance que mais perigo criou, numa segunda parte que só o País de Gales tentou agarrar. Pouco antes, Ramsey tinha feito uma assistência que facilmente ganharia o prémio para o cruzamento teleguiado do dia, mas Vokes desperdiçou um passe de cerca de 40 metros com um desvio frouxo de cabeça.

Apesar da iniciativa, o País de Gales precisava de algo mais para garantir o apuramento. Precisava de um extra caído do céu, que empurrasse a equipa na direcção certa. E lá chegou o momento em que Bale chamou a sorte com um cruzamento de nível superior. E McCauley deu-lhe ouvidos. 

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