Indefinições nos plantéis tornam clássico atípico

Com algumas das principais pérolas em risco de sair, Sporting defronta o FC Porto ainda sem certezas em relação ao plantel que Jorge Jesus terá à disposição para atacar a temporada. Liderança da Liga em jogo.

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Slimani e Aboubakar, dois avançados de peso que estão perto da porta de saída PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

Ainda com muitas dúvidas na definição dos respectivos planteis, Sporting e FC Porto encontram-se este domingo no Estádio de Alvalade (18h, SPTV1) para o primeiro clássico da temporada. Uma partida que está longe de ser decisiva, mas que poderá dar uma ideia mais aproximada do potencial destes dois candidatos ao título, apesar de ambos os “onzes” ainda estarem longe da estabilização.

A pouco dias do encerramento do mercado de transferências, “leões” e “dragões” correm contra o tempo para travar saídas de jogadores nucleares e na busca dos últimos reforços cirúrgicos para atacarem as várias frentes competitivas em que estão envolvidos. Neste particular, a situação é bem mais preocupante para o Sporting, face ao assédio a algumas das suas principais individualidades, fulcrais para a boa campanha da temporada passada.

João Mário e Slimani são os casos mais mediáticos, mas também Adrien tem ofertas para rumar para outras paragens. Todos jogadores cruciais para as ambições de Jorge Jesus esta época. No caso de João Mário, a sua saída é inevitável e o jovem internacional já esteve esta sexta-feira em Itália para acertar os pormenores da sua transferência para o Inter de Milão. Um negócio milionário para o Sporting, o maior de sempre na história do clube, mas que deixa o treinador sem um activo de grande qualidade, polivalente e determinante no meio-campo.

Preocupante para Jesus é ainda a possibilidade (cada vez mais real) de perder também Islam Slimani, o grande goleador dos “leões” na última temporada e ainda uma peça-chave na manobra atacante. A provável contratação do gigante Bas Dost aos alemães do Wofsburgo reforça ainda mais este cenário. Já em relação a Adrien, são fortes as possibilidades do médio permanecer em Alvalade, até porque as ofertas que chegaram até ao momento, não são, de todo, atraentes do ponto de vista financeiro para o clube lisboeta.

Face a todas estas incertezas é ainda prematuro antecipar qual será o verdadeiro potencial do Sporting para atacar o título, pelo menos da forma determinada que o fez na última época, numa corrida sem tréguas com o Benfica.

Para o clássico de Alvalade, João Mário será uma carta fora do baralho, como já aconteceu na deslocação ao terreno do Paços de Ferreira (0-1), restando saber se Slimani estará na equipa titular, como pretende Jorge Jesus.

Bem menos dramático é o cenário para o FC Porto e para o seu novo treinador, Nuno Espírito Santo. Se é verdade que a equipa nortenha está em vias de perder o ponta-de-lança camaronês Aboubakar e o médio/atacante argelino Brahimi, é também claro que nenhum dos jogadores tem merecido a preferência do treinador dos “dragões” neste arranque de temporada.

Aboubakar está perto de ser cedido, por empréstimo ao Besiktas da Turquia, enquanto Brahimi é alvo do interesse do mercado inglês, com Everton e Arsenal a serem apontados como os prováveis destinos. Seja qual for o desfecho, o argelino promete protagonizar o maior negócio do FC Porto neste Verão. Uma transferência que permitiria aos portistas um derradeiro ataque ao mercado de transferências para fortalecer os argumentos de Nuno Espírito Santo, que recebeu nos últimos dias duas “prenda” chamadas Óliver e Diego Jota (este último confirmado já esta sexta-feira).

O ex-treinador do Valência está em alta no Dragão depois de ter garantido a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, ultrapassando, com mestria, a complicada Roma, no play-off decisivo. Com os milhões resultantes do apuramento para a competição milionária e com a boa estrela de estar integrado num dos grupos mais fáceis da prova, com legítimas espectativas de seguir em frente, o FC Porto surge em Alvalade bastante moralizado.

Relativamente confiantes estarão também os “leões”, que vêm de triunfos convincentes nas duas primeiras jornadas. O principal problema será o efeito psicológico para o grupo da iminente saída de jogadores tão importantes, que não têm ainda sucessores à altura. É altura do “mestre da táctica” Jorge Jesus puxar dos galões e encontrar soluções, para já, dentro do actual plantel, para um clássico que promete ser relativamente atípico numa fase tão madrugadora da temporada.

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