Pela primeira vez, um homem correu 42.195m em menos de 2h03m

Dennis Kimetto no momento em que cortou a meta em Berlim e fixou um novo recorde do mundo da maratona.

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Kimetto corta a meta em Berlim: há novo recordista do mundo na maratona AFP/TOBIAS SCHWARZ
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O queniano de 30 anos teve uma ascensão meteórica na elite do atletismo mundial REUTERS/Hannibal Hanschke

Mais uma vez, o percurso miraculado de Berlim, capital alemã, rendeu um recorde mundial na maratona masculina, o sexto consecutivo. O queniano Dennis Kipruto Kimetto, de 30 anos de idade cumpridos a 22 de Janeiro passado, tornou-se o primeiro atleta na história dos 42.195m a correr a menos de 2h03m, com 2h02m57s, suplantando o recorde oficial anterior, estabelecido no mesmo percurso o ano passado pelo queniano Wilson Kipsang (2h03m23s), pela margem enorme de 26 segundos. E de passagem obteve também melhor do que as 2h03m02s, conseguidas na maratona de Boston de 2011 pelo também queniano Geoffrey Mutai, não homologáveis devido às características do percurso.

Dennis Kimetto, apesar dos 30 anos de idade, não é um atleta com um longa carreira por detrás de si. Só apareceu mais a sério em 2011 e sempre se deu bem em Berlim, onde em 2012 estabeleceu um recorde mundial para os 25km, com 1h11m18s, depois de lá ter vencido a meia maratona um mês antes, com aquele que ainda é o seu máximo pessoal, de 59m14s.

Sempre em Berlim, viria a fazer ainda nesse ano a estreia na maratona e conseguiu o melhor tempo de sempre nessa condição de debutante, com 2h04m16s, perdendo por apenas um segundo para Geoffrey Mutai. E ficou claramente a sensação de que só não ganhou porque era suposto ser o ajudante de Mutai, e não o seu carrasco…

O ano passado venceu as maratonas de Tóquio e Chicago e, nesta última, tomou um primeiro gosto de aproximação ao recorde mundial ao fazer 2h03m45s, o seu melhor até ontem.

A prova berlinense envolveu, desta vez, 40.004 atletas de 130 países e teve excelentes condições para a sua realização, com a temperatura nos oito graus celsius à saída e vento praticamente nulo. Sete atletas ficaram na frente até metade, com início fortíssimo, marcando-se tempos de passagem de 14m42s aos 5kms e 29m24s à dupla légua. A meia maratona foi atingida em 61m45s e era claro que a corrida ao máximo mundial estava lançada. As lebres mantiveram a pressão até aos 30kms, atingindos em 1h27m37s, e então ficaram sós na frente Kimetto, Geoffrey Mutai e um terceiro queniano, o campeão mundial de meia maratona da primavera passada Geoffrey Kamworor. Este seria o primeiro “a perder o pé” aos 33km, vindo a acabar em quarto no final com 2h06m39s. De seguida, Mutai encetou dois ataques mas Kimetto não tremeu, e seria ele mesmo quem avançaria de forma decisiva aos 38km, passando depois as 40km isolado, com sete segundos de vantagem, em 1h56m29s.

Terminando muito forte, acabou por ser o primeiro a baixar das 2h03m, mas também Mutai fazia menos que o antigo recorde oficial, com o grande tempo de 2h03m13s, enquanto o etíope Abera Kuma finalizava em terceiro, com 2h05m56s. E foi o quarto máximo mundial da maratona obtido por um queniano.

“Senti-me muito bem desde o início”, explicou Kimetto no final. “Nas últimas milhas senti realmente que podia bater o recorde, e agora espero fazê-lo de novo no futuro. Voltarei aqui a Berlim para o ano para tentar melhorá-lo”.

Carlos Lopes foi o primeiro a fazer menos de 2h08m na maratona, com 2h07m12s em 1985 (ver caixa) e agora uma nova barreira está batida. Muitos se perguntam se será possível um dia os 42.195m serem percorridos em menos de 2 horas, mas para já essa possibilidade ainda fica no mundo da ficção.

A prova feminina de ontem foi ganha pela etíope Tirfi Tsegaye, com 2h20m18s, melhor marca mundial do ano, seguida pela sua compatriota Feyse Tadese (2h21m27s), e pela norte-americana Shalane Flanagan, uma rara atleta branca medalhada a nível olímpico (2008) e em crosse (2011) no meio fundo longo, que ao obter 2h21m14s pulverizou o seu anterior melhor por mais de quatro minutos.

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