Grupo de Estratégia da F1 adia introdução do halo

Sistema de protecção dos cockpits só deverá ser aprovado em 2018, após novos testes de desenvolvimento.

Foto
Os monolugares da F1 vão ter que introduzir um qualquer sistema de protecção à cabeça dos pilotos até 2018 LASZLO BALOGH/Reuters

O Grupo de Estratégia da F1 rejeitou, após reunião realizada em Genebra, na Suíça, a adopção já em 2017 do halo aprovado pela FIA como dispositivo a implantar nos cockpits para reduzir o risco para os pilotos em caso de acidentes graves, medida que só deverá entrar em vigor a partir de 2018.

O sistema testado por escuderias como a Ferrari e a Red Bull surgiu na sequência dos acidentes sofridos por Felipe Massa (atingido por uma mola nos treinos do GP da Hungria, em 2009), por Jules Bianchi (GP do Japão, em 2014) e por Justin Wilson (500 Milhas de Pocono, da IndyCar Series, em 2015), de que resultaram as mortes de Bianchi e Wilson.

Na reunião Grupo de Estratégia participaram os chefes de seis equipas de Fórmula 1, o presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), Jean Todt, o chefe da Formula One Management (FOM), Bernie Ecclestone, e a Associação de Pilotos de Grandes Prémios, GPDA.

Esteticamente bastante criticada, a solução desenvolvida e que permite reduzir em 17% o risco de fatalidade - no caso de o piloto ser atingido na cabeça por um objecto como uma roda ou uma peça da suspensão - terá que passar ainda por novos testes, esperando-se o desenvolvimento de um sistema mais consensual.

Os contras apresentados nesta fase apontam a redução de visibilidade dos pilotos e a dificuldade acrescida caso seja necessário retirar com urgência um piloto acidentado (como seja num incêndio) do interior do monolugar.

Até 2018 haverá tempo para avaliar o potencial de todas as opções, com a realização de testes de pista em treinos livres durante o resto desta temporada e também no início do campeonato de 2017.

O halo foi apresentado em três ocasiões: na pré-temporada e em treinos livres pela Ferrari e Red Bull, que instalou a peça no carro de Daniel Ricciardo durante o primeiro treino livre para o Grande Prémio da Inglaterra.

Curiosamente, entre os opositores esteve a escuderia austríaca, que desenvolveu o Aeroscreen, sistema chumbado nos testes de impacto da FIA.

Os pilotos, de uma forma geral, mostram-se receptivos à introdução deste novo dispositivo de protecção dos cockpits, com o alemão Sebastian Vettel a afirmar, no GP da Alemanha, que “seria estúpido não adoptar o halo”, solução que considera ser do agrado de 90 a 95% dos pilotos, mesmo que ninguém goste do seu aspecto, pois “nada justifica a perda de uma vida”. 

A discussão estende-se ainda para campos diversos, surgindo acusações de que adiar a introdução do halo se baseia mais em aspectos puramente comerciais e menos na segurança, conforme sublinha um resignado Alexander Wurz, presidente da GPDA, desejando que os responsáveis não venham a lamentar esta decisão.

A discussão está, porém, longe de ficar “encerrada” até 2018, uma vez que a FIA tem a prerrogativa de decidir sobre matérias como a segurança e impor novas medidas, independentemente da aprovação das equipas ou de Ecclestone.

Da reunião de Genebra resultou ainda o fim das restrições de comunicação via rádio entre equipas e pilotos, proibição que se manterá apenas na volta de aquecimento.

Sugerir correcção
Comentar