Benfica continua com os objectivos intactos, FC Porto perdeu o prémio de consolação

Os “encarnados” deram a volta à eliminatória e anularam a desvantagem de um golo que traziam do Dragão.

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Os jogadores do Benfica festejam a passagem à final da Taça de Portugal Nuno Ferreira Santos
Varela marcou um golo para o FC Porto mas foi insuficiente
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Varela marcou um golo para o FC Porto mas foi insuficiente Nuno Ferreira Santos

Houve emoção, incerteza, grandes golos e até algum circo mas foi o Benfica a garantir a presença na final da Taça de Portugal, ao bater o FC Porto por 3-1, em jogo da segunda mão das meias-finais, depois de ter perdido o primeiro jogo por 1-0. Apesar de jogar mais de uma hora com menos um jogador, os “encarnados” foram quase sempre superiores e justificaram a presença no Jamor, num jogo marcado por muitos cartões, uma invasão de campo e com os dois treinadores expulsos, para além de um jogador para cada lado.

Jesus foi mais fiel ao seu melhor “onze” que o habitual, embora tenha sido obrigado a algumas alterações forçadas pelas lesões de Oblak, Luisão e Fejsa, substituídos por Artur, Jardel e André Gomes. Cardozo foi a única alteração substancial em relação à “equipa de gala”, enquanto Salvio parece já ter ganho o lugar a Markovic. A perspectiva de poder ganhar uma Taça de Portugal, que ainda falta no currículo de Jesus, era demasiado aliciante para não meter as fichas quase todas em jogo. E a desvantagem da primeira mão estava perfeitamente ao alcance.

Assim, o previsível argumento para os primeiros minutos era: domínio benfiquista e cautela portista. E foi o que aconteceu. Os homens de Jorge Jesus entraram com tudo, fiéis à sua identidade de tentar chegar o mais depressa possível ao golo que empataria a eliminatória. Levaram 17 minutos a fazê-lo. Gaitán recebeu a bola no flanco esquerdo, correu mais uns metros e meteu a bola na área, onde surgiu Salvio a cabecear e a fazer o 1-0, num lance em que o guarda-redes Fabiano teve alguma culpa. O Benfica foi rápido e eficaz e prometia ficar na frente da eliminatória, perante um FC Porto que demorava a entrar no jogo e apenas vivia de algumas iniciativas de Quaresma.

Mas o jogo sofreu uma reviravolta aos 28’, culpa de Siqueira, que viu dois cartões amarelos em três minutos e foi expulso por Pedro Proença. O defesa brasileiro foi reincidente nas faltas e acabou por ser justamente expulso por cargas sobre Defour e Quaresma. Era a terceira expulsão da época para jogadores benfiquistas (segunda de Siqueira), mas o Benfica nunca tinha ficado em inferioridade numérica durante tanto tempo. Jesus reajustou o seu plano, tirando Cardozo para meter o polivalente André Almeida no lado esquerdo da defesa.

O Benfica recuou e o FC Porto foi quase obrigado a assumir o jogo, sem, no entanto, criar grande perigo à baliza de Artur. Mas a mudança de maré era evidente. E na segunda parte deu expressão ao domínio exercido. Minuto 52’, a bola chegou até Varela, que, em jogada individual, fez o empate e o golo que dava vantagem na eliminatória. Mas o Benfica, mesmo que pouco habituado a jogar com menos um, mostrou que é uma máquina competitiva impressionante e foi muito melhor que o seu adversário.

Aos 58’, Salvio entrou na área e foi derrubado por Reyes. Pedro Proença não teve dúvidas em marcar o respectivo penálti, que Enzo Pérez se encarregou de converter sem mácula. A final era uma possibilidade cada vez mais real para o Benfica, mas era o FC Porto quem continuava apurado. Os portistas tinham a posse de bola, mas não carregavam demasiado, pelo menos não o suficiente para ficarem a salvo de algum golpe benfiquista.

Nesta altura, ninguém estava sentado no estádio da Luz. Jogo eléctrico e de resultado incerto, a potenciar as picardias no relvado, mas também a manter a competitividade em alta. Aos 80’, o momento que definiu a eliminatória. André Gomes recebeu a bola na área portista tirou Fernando do caminho e fez um grande golo a colocar o Benfica no comando da eliminatória e a caminho do Jamor.

Houve invasão de campo, alguns adeptos “encarnados” ainda chegaram ao relvado antes de serem agarrados pelas forças de segurança.

É justo dizer que houve pouco futebol depois do grande golo de André Gomes. No meio da confusão, Jorge Jesus acabou expulso. Luís Castro acabaria por seguir-lhe o caminho pouco depois, tal como Quaresma, que viu o segundo amarelo aos 88’. E bolas a mais foram saltando do banco do Benfica para o relvado para que os segundos fossem passando.

O FC Porto não conseguiu reagir e perdeu o seu prémio de consolação da época (resta-lhe a Taça da Liga, cujo acesso à final também irá disputar com o Benfica). Os “encarnados” mantêm todos os objectivos intactos. E daqui a quatro dias, quase de certeza irá fazer a sua primeira festa.

Figura do Jogo: André Gomes
Foi o escolhido por Jorge Jesus para substituir Fejsa no meio-campo “encarnado” e justificou em pleno a aposta, controlando bem as operações no sector e marcando o golo que decidiu a eliminatória frente a uma equipa onde cumpriu os seus primeiros anos de formação. Todos lhe reconhecem talento, mas tem tido grandes dificuldades em segurar um lugar no Benfica, com uma utilização esporádica e pouco marcante. Necessidades urgentes na tesouraria forçaram a venda de André Gomes a um fundo por 15 milhões (o Benfica detinha 70% dos direitos económicos do jogador e receberá 10,5 milhões pela transferência) e o futuro deste jovem médio de 20 anos (tal como o de Rodrigo, vendido ao mesmo fundo) é incerto. Mas será uma pena que André Gomes, natural de Grijó, Vila Nova de Gaia, sofra mais uma época de estagnação competitiva. É que ele tem tudo — poder físico, técnica e capacidade para decidir sob pressão — como mostrou com o golo que marcou. Quem ficar com ele para o ano, tem de o aproveitar.

Ficha de jogo
Benfica 3
FC Porto 1

Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.
Assistência 45.380 espectadores.

Benfica Artur, Maxi Pereira, Jardel, Garay, Siqueira, André Gomes, Enzo Perez, Salvio, Gaitán (Markovic, 90+6'), Rodrigo (Lima, 66') e Cardozo (André Almeida, 36'). Treinador Jorge Jesus

FC Porto Fabiano, Danilo, Diego Reyes (Quintero, 82'), Mangala, Alex Sandro, Fernando, Defour, Herrera (Josué, 64'), Ricardo Quaresma, Varela (Ghilas, 74') e Jackson. Treinador Luís Castro

Árbitro Pedro Proença (AF Lisboa)
Amarelos Quaresma (22' e 88'), Siqueira (25' e 28'), Danilo (48'), Diego Reyes (58'), Herrera (64'), Varela (70'), Defour (75'), Jardel (78'), André Gomes (81'), Ghilas (90') e Artur (90+2').
Vermelhos Siqueira (28') e Quaresma (88').

Golos 1-0, por Salvio, 17'; 1-1, por Varela, 52'; 2-1, por Enzo Pérez, 59' (g.p.); 3-1, por André Gomes, 80'.

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