Gelson Martins, da Praia à Amadora e do Sporting à selecção

O jovem extremo “leonino” foi chamado por Fernando Santos para os jogos com Andorra e Ilhas Faroé de apuramento para o Mundial 2018.

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Gelson celebra um golo marcado ao FC Porto em Agosto passado PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

Se pensarmos nos jogadores nascidos em Cabo Verde ou de ascendência cabo-verdiana que já passaram pela selecção portuguesa, é inevitável fazer um exercício de história alternativa e pensar no que seriam os “Tubarões Azuis” se jogadores como Nani, Rolando, Nelson Semedo, Eliseu, Silvestre Varela, Manuel Fernandes ou Oceano (só para citar alguns) tivessem ido por um caminho diferente que não a selecção portuguesa. A partir de agora, há mais um nome a juntar a esta lista: Gelson Martins. O jovem extremo do Sporting foi ontem chamado por Fernando Santos para os jogos com Andorra (7 de Outubro, em Aveiro) e Ilhas Feroé (10 de Outubro, em Tórshavn), uma estreia em convocatórias da selecção principal para o jogador de 21 anos que tem brilhado neste início de época.

Tem sido uma ascensão fulgurante para Gelson Dany Batalha Martins, nascido na Cidade da Praia, Cabo Verde, a 11 de Maio de 1995. Aos oito anos, veio viver para Portugal, instalando-se na Venda Nova, uma freguesia da Amadora, e já vinha com o futebol no corpo e na cabeça. Começou no Futebol Benfica (o “Fofó”) e chamou a atenção do sempre atento Aurélio Pereira. O Sporting avançou para a sua contratação, negociando com o “Fofó” o pagamento de 30 mil euros caso Gelson alguma vez fizesse cinco jogos pela equipa principal dos “leões”. Esta marca foi largamente ultrapassada na época passada, em que Gelson fez 42 jogos (13 dos quais como titular) e marcou sete golos.

Há um ano, Jorge Jesus dizia isto de Gelson. “Ainda não sabe bem jogar com os outros, sabe jogar muito bem mas é sozinho”, afirmava em Setembro de 2015 o técnico “leonino”, que, durante a época transacta, usou o extremo, não como titular indiscutível, mas como uma primeira opção de recurso. Só com a saída milionária de João Mário para o Inter de Milão é que Gelson foi promovido ao “onze” titular (estatuto que manteve em todos os jogos do Sporting, tanto na Liga, como na Champions) e o seu rendimento não é de quem joga sozinho. É o líder das assistências na Liga portuguesa (quatro), para além de já ter marcado dois golos.

É verdade que a explosão de Gelson foi facilitada pela venda de João Mário, mas também é verdade que o Sporting contratou nomes de peso para as alas (Joel Campbell e Lazar Markovic) que o jovem da formação “leonina” tem mantido no banco. Jesus, pelo menos, já está absolutamente convencido. “Este miúdo está num momento muito forte, quebra qualquer lateral-esquerdo. Não há ninguém em Portugal como ele”, disse o treinador há poucos dias, após o triunfo sobre o Estoril.

Tal como Paulo Futre, Luís Figo, Simão Sabrosa, Cristiano Ronaldo ou Nani antes dele, Gelson é mais um talento a explodir nas alas “made in” Sporting, um jogador rápido, tecnicista e imprevisível, que assiste e marca com a mesma facilidade. Agora, o menino que custou 30 mil euros em 2010 tem uma cláusula de rescisão de 60 milhões e os mais endinheirados da Europa andam atentos. A grande exibição que fez no Bernabéu frente ao Real Madrid foi tudo menos discreta. Marcelo, o lateral-esquerdo dos “merengues”, foi ter com Gelson no final desse jogo e disse-lhe isso mesmo: “Fizeste-me passar mal.”

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