Forest Green Rovers, clube mais verde do que este não há

O emblema inglês já se tinha tornado o primeiro a excluir a carne da ementa servida a adeptos e jogadores. Agora foi a vez de o peixe desaparecer.

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A comida fornecida no estádio do Forest Green Rovers não tem carne nem peixe DR

Um clube interessado não só com a conquista de títulos mas, sobretudo, com a defesa de um estilo de vida sustentável. É este o principal compromisso do Forest Green Rovers, emblema que joga na V Divisão de Inglaterra (é actualmente segundo, a um ponto do primeiro).

Foi há sensivelmente cinco anos que o Forest Green Rovers iniciou este percurso. Na altura, decidiu retirar de todas as ementas disponibilizadas a adeptos e jogadores nas instalações do clube produtos que incluíssem carne vermelha, substituindo-os por alimentos vegetarianos fornecidos por agricultores locais e por peixe produzido de forma ambientalmente sustentável. E agora deu mais um passo no sentido de se tornar um clube 100% verde, eliminando também o peixe dos menus, ao mesmo tempo que substituiu o leite de vaca por leite de soja, assegurando que a alimentação oferecida pelo Forest Green Rovers é totalmente vegana (de forma sintética, o veganismo é um movimento que condena todas as formas de exploração e crueldade para com os animais, o que leva os seus seguidores a boicotar qualquer produto de origem animal).

Esta opção não foi tomada de ânimo leve. “Já tínhamos deixado de disponibilizar carne aos nossos jogadores, adeptos e funcionários. Começámos a mostrar-lhes toda esta nova realidade. Na verdade, a alimentação que oferecíamos já era, em grande medida, vegana. Agora, apenas demos mais um pequeno passo em frente”, disse Dale Vince, presidente do clube desde há cinco anos e ele próprio um vegano convicto.

Vince apresenta números para sustentar a sua decisão: “A indústria da carne e lacticínios é responsável por mais emissões [de dióxido de carbono] do que todos os aviões, comboios, carros e barcos existentes no planeta. Só na Grã-Bretanha, em cada ano são mortos mais de mil milhões de animais – três milhões por dia – e nem sequer estou a contabilizar o peixe. Cada um destes animais tem uma vida curta e penosa e cada um deles consome mais comida do que aquela que os seus corpos nos fornecem.”

A revolução verde que está em curso no clube não se resume à alimentação. Dale Vince, fundador da Ecotricity, a maior empresa de produção de energia verde da Grã-Bretanha, e principal patrocinador do clube, transformou o emblema de Nailsworth num autêntico tubo de ensaio.

E são inúmeras as experiências em curso. O relvado do New Lawn é apelidado de “orgânico”, uma vez que não é tratado com químicos e é cortado com um robô alimentado a energia solar. No subsolo do “tapete verde” foi instalado um sistema de recolha de água para que ela possa ser novamente utilizada em futuras regas e está a ser equacionada uma forma de aproveitamento da água das chuvas que se acumula na cobertura do recinto. Tudo para que num futuro próximo não seja necessário recorrer ao abastecimento público para a rega do relvado.

E no que diz respeito a electricidade, para além de estarem instalados vários painéis solares no estádio, com uma potência global de 45kw, estão em curso estudos para que a iluminação seja feita através de tecnologia LED.

Depois disto tudo, consegue adivinhar a cor da camisola dos jogadores do Forest Green Rovers? Sim, equipam de verde.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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