FIFA e UEFA fazem ultimato à Grécia devido a lei de combate à violência

Consideram que está em causa independência da federação grega. Governo rejeita alterar filosofia da lei.

Foto
Polícia no relvado para controlar os distúrbios no Panathinaikos-Olympiacos AFP

A temporada no futebol grego aproxima-se do final (o Olympiacos de Vítor Pereira já conquistou o título) mas ainda há turbulência no horizonte. Depois dos distúrbios que marcaram os primeiros meses do ano, que chegaram a provocar uma interrupção do campeonato, agora é um ultimato da FIFA e UEFA: as duas organizações internacionais ameaçam suspender a federação grega de futebol (EPO) devido a um projecto de lei que o governo pretende adoptar para combater a violência nos eventos desportivos, porque consideram que está em causa a autonomia do organismo federativo. Ficaria comprometida a participação de selecções e clubes nas competições organizadas pelos dois organismos.

Numa carta enviada ao presidente da EPO, Giorgos Girtzikis, a FIFA e a UEFA avisam que “não teriam outra opção que entregar o caso aos organismos competentes para a aplicação de sanções, incluindo a suspensão da federação”.

“Não aceitamos ultimatos”, respondeu o vice-ministro grego dos Desportos, Stavros Kontonis, garantindo que o governo “não vai alterar a filosofia da legislação”. O projecto de lei em causa tem como objectivo combater a violência no desporto grego e a sua discussão no parlamento está prevista para 4 e 5 de Maio. As propostas do governo para castigar os clubes por incidentes violentos incluem multas de dez mil a 25 milhões de euros ou a interdição de participar nas provas europeias. Está também prevista a obrigatoriedade de os árbitros apresentarem às autoridades prova de recursos financeiros.

“Parece que [a FIFA e a UEFA] não estão interessadas em resolver os problemas que afectam o futebol grego, mas pelo contrário procura meios para ofender a ordem constitucional grega e o povo grego, especialmente os adeptos de futebol, que se deparam com o actual estado de podridão e corrupção”, acusou Kontonis, lançando um convite aos organismos que tutelam o futebol a nível mundial e europeu: “Esperamos que entendam os problemas sérios que se acumulam no futebol grego e que participem construtiva e activamente no processo de consolidação, democratização e transparência.”

O campeonato grego chegou a estar suspenso entre Fevereiro e Março devido a episódios de violência nos estádios. Dois deles envolveram o treinador português do Olympiacos, Vítor Pereira: antes de um derby Panathinaikos-Olympiacos, aproximou-se de uma das balizas e provocou a fúria dos adeptos da equipa da casa; na visita ao AEK o técnico festejou efusivamente um golo da sua equipa com gestos para a bancada, o que resultou em mais uma confusão.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários