Fernando Santos obrigado a renovar o meio-campo português

Sem Moutinho, Tiago e Coentrão, Portugal enfrenta nesta sexta-feira a França com um sector intermediário mais jovem e menos experiente, mas o seleccionador nacional garante que os novos “não vão tremer”

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Fernando Santos: "Quando ganhas, é sempre melhor; se não ganhar, não virá mal ao mundo” Rafael Marchante/Reuters

João Moutinho mais Tiago e mais Fábio Coentrão igual a 194 internacionalizações pela selecção portuguesa. É sem este capital de experiência acumulada que Portugal enfrenta nesta sexta-feira, no Estádio José Alvalade, a França num particular e que irá enfrentar na próxima segunda-feira a Albânia, a contar para o apuramento para o Euro 2016. Estes três jogadores formaram o meio-campo português nos dois últimos jogos de qualificação para a competição do próximo ano e nenhum está disponível para Fernando Santos, obrigado a recorrer a jogadores mais novos e com uma experiência internacional incomparavelmente menor.

 

Perante a indisponibilidade dos lesionados Moutinho, Coentrão e William Carvalho, e do castigado Tiago (expulso no jogo com a Arménia), Fernando Santos promoveu o regresso à selecção de Miguel Veloso, mas será pouco provável que o experiente médio do Dínamo de Kiev seja opção para o “onze”. Uma combinação provável será a de Danilo Pereira mais a dupla do meio-campo do Sporting formada por Adrien Silva e João Mário, três jogadores que, entre eles, somam nove internacionalizações A. Pode também avançar o monegasco Bernardo Silva, ou o portista André André, mas qualquer um deles tem apenas um jogo pela selecção principal.

A falta de experiência dos disponíveis para o meio-campo não é algo que preocupe muito Fernando Santos. O pior, diz o seleccionador, seria se não tivesse opções de qualidade, o que, observa, não é o caso. “Não vão tremer, não me parece que sejam jogadores que tremam. Os jogadores com mais idade continuam disponíveis e temos miúdos que têm essa disponibilidade e maturidade. Não tenho dúvida de que irão estar tranquilos no jogo”, argumentou ontem o seleccionador nacional, que se estreou no cargo precisamente frente à França, com uma derrota por 2-1, em Outubro do ano passado.

Para além deste particular com os bleus, Portugal ainda tem de pensar no seu compromisso da próxima segunda-feira em Elbasan, com a Albânia, mas isso não vai impedir que a selecção portuguesa lute pela vitória no jogo desta sexta-feira. “Não depende da qualidade do adversário, ou se é particular ou oficial. Sempre que entramos em campo, a responsabilidade é total e não pode ser retirada por ser um particular, ou aumentada porque é a França ou a Argentina”, reforçou Fernando Santos, acrescentando que o resultado não irá significar o que quer que seja para o jogo com os albaneses: “Vamos fazer tudo para ganhar. Quando ganhas, é sempre melhor; se não ganhar, não virá mal ao mundo.”

Sem pensar em qualificação, porque será o país anfitrião, a França quererá frente a Portugal voltar aos bons resultados, depois de três derrotas nos últimos quatro jogos disputados. “Não temos pressão. Não estamos satisfeitos com os nossos resultados, mas o objectivo é o 10 de Junho. É o jogo de abertura. Neste momento, não temos a obrigação de apresentar resultados”, frisou o seleccionador francês Didier Deschamps.

40 anos de derrotas

A selecção portuguesa tem um historial pouco feliz com a França. Em 23 jogos disputados, os bleus ganharam 17, contra apenas cinco vitórias portuguesas (e um empate), a última das quais há mais de 40 anos. Quase todos estes jogos foram de carácter particular, mas, quando estava em causa algo mais que o prestígio, Portugal perdeu sempre. Os três jogos a doer aconteceram nas meias-finais de grandes competições, Euro 84, Euro 2000 e Mundial 2006, e foram sempre decididos pela margem mínima, dois deles em prolongamento.

Na meia-final do Euro 84, no Velódrome, em Marselha, Portugal esteve a poucos minutos de atingir a final. Depois do 1-1 no termo dos 90’, Jordão fez o 2-1 aos 98’ (o seu segundo golo do jogo) e o resultado manteve-se até aos 114’ quando o defesa do Toulouse Jean-Francois Domerge também fez o seu segundo golo do jogo, seguindo-se o golo de Platini aos 119’, que lançaria a França para a final e para o título europeu.

O Portugal-França do Euro 2000 também se decidiu em tempo extra, no célebre penálti provocado por uma mão na área de Abel Xavier. No Mundial 2006, um penálti provocado por Ricardo Carvalho sobre Henry e convertido por Zidane decidiu o jogo a favor dos franceses. “Fiquei três dias a pensar nesse penálti”, dizia na quinta-feira o defesa-central do Mónaco.

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