TAD julgou sanção a Fernando Santos excessiva e reduziu-a para dois jogos

Seleccionador nacional arriscava suspensão de oito jogos oficiais, mas o recurso foi-lhe favorável: não estará no banco apenas contra a Sérvia e a Arménia. “A decisão foi tomada e temos de a aceitar”, disse.

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Fernando Santos quer dinâmica na equipa portuguesa frente à Arménia Patrícia de Melo Moreira/AFP

Até esta segunda-feira, se Portugal se qualificasse para o Euro 2016, Fernando Santos corria o risco de assistir pelo menos a grande parte da competição a partir da bancada. Mas essa possibilidade já não está em cima da mesa. O treinador viveu nos últimos meses sob a ameaça de uma suspensão de oito jogos, mas nesta segunda-feira o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) resolveu reduzir o castigo para dois, mais dois com pena suspensa.

O seleccionador nacional, que conseguiu adiar a aplicação da pena até agora, vai “apenas falhar” os dois próximos duelos oficiais, com a Sérvia, neste domingo, e com a Arménia, em Junho.

O treinador referiu que esperava não ser castigado de todo, mas na realidade não conseguiu disfarçar algum conforto com a decisão do TAD, que, sem o ilibar completamente, o favorece substancialmente. Se tudo correr normalmente, o seu regresso oficial está marcado para Setembro, quando a equipa lusa visitar o adversário que esteve na origem da substituição de Paulo Bento, a Albânia.

“[O processo] estava na cabeça de todos. Era uma espécie de cutelo que estava aqui preso e era importante saber a decisão. O que gostava é que não tivesse sido castigado, mas a decisão foi tomada e temos de a aceitar”, disse Fernando Santos. O castigo surgiu quando era seleccionador da Grécia, depois da expulsão nos oitavos-de-final do Campeonato do Mundo 2014 no jogo com a Costa Rica, que esta selecção acabou por vencer no desempate por penáltis. A FIFA justificou a sanção pesada devido à “conduta antidesportiva” de Fernando Santos em relação ao árbitro.

O treinador recorreu da decisão para o TAD em Outubro do ano passado, pedindo a anulação do castigo e também a suspensão da sua aplicação enquanto não fosse conhecida a deliberação. Esta segunda parte foi aceite e por isso Santos pôde comandar no relvado Portugal nos triunfos frente a Dinamarca e Arménia que colocaram Portugal numa posição mais interessante no Grupo I de qualificação, depois da derrota inicial e surpreendente em casa com a Albânia.

Para o TAD, organismo sediado em Lausanne, Suíça, ficou confirmada a culpa do treinador nalguns factos, mas não noutros, razão pela qual considerou as “sanções originais excessivas” e atenuou-as para dois jogos efectivos, reduzindo também para metade a multa imposta pela FIFA, de 20 para dez mil francos suíços (de cerca de 18.900 euros para 9450).

“O painel confirmou que o sr. Santos teve uma conduta imprópria no jogo, como protestar contra o árbitro e levantar dúvidas sobre a sua imparcialidade, mas outros factos defendidos pela FIFA contra o sr. Santos não foram suficientemente demonstrados”, escreveu o TAD num comunicado.

Fernando Santos agradeceu a Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, por ter revelado “muita coragem” num “momento muito difícil” quando apostou em si. “Poderia de alguma forma ter posto em causa a sua função de presidente”, disse.

Durante a suspensão, o técnico será substituído no banco por Ilídio Vale. Santos desvalorizou a influência da sua ausência na área técnica durante essas partidas. “Temos de transmitir claramente o que queremos que os jogadores façam em campo e depois tenho confiança absoluta na equipa técnica, sei que vão fazer muito bem o seu trabalho”. De resto, o seleccionador nacional fez a previsão de que Portugal irá derrotar a Sérvia no domingo: “Acho que tudo vai correr bem e que Portugal vai ganhar.”

Se isso acontecer, será dado, segundo ele, um passo decisivo para o apuramento. “Os jogadores querem dar-me esta vitória, que seguramente nos vai pôr quase em França — não de forma definitiva, mas quase”.

Se a decisão do TAD não lhe tivesse sido favorável, Santos admitiu que poderia ter que se pensar noutra solução para liderar a selecção. “Não teria a ver com a questão técnica, mas com a imagem. Não seria normal que um seleccionador numa fase final de um Europeu não estivesse no banco”.

A FPF, que apoiou Fernando Santos durante o processo, ficou satisfeita com o parecer. “Acima de tudo, é uma decisão que repõe a verdade e a justiça relativamente a uma atitude menos conseguida do Fernando Santos. Do que conhecemos dele, e sendo uma pessoa de bem e de carácter, em alguma circunstância merecia uma penalização tão dura como a que lhe aplicou a FIFA”, considerou Fernando Gomes.

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