Fernando K1

1. Declaração de interesses: sou amigo – e não tenho facebook – do Fernando Pimenta. Tal amizade consolidou-se desde que se apresentou em minha casa, numa noite de domingo, vindo de Ponte de Lima a Lisboa, há alguns anos, clamando contra as injustiças de que se dizia ser alvo por parte dos então presidente e direcção da Federação Portuguesa de Canoagem.

2. Neste espaço, mas também em tantos outros, também durante muitos e muitos meses, fui dando conta daquilo que passei, com o decorrer do tempo, a constatar: a afirmação de vontade de uma federação e seus dirigentes, a todo o custo, mesmo contra os direitos e interesses legítimos de um praticante desportivo.

Não tenho, contudo, como inquestionável, que o Fernando Pimenta não tenha cometido erros nesse embate. A ter cometido, contudo, em nada colocaram em causa a sua razão principal e a injustificável, a diversos títulos, conduta da Federação Portuguesa de Canoagem: o direito de competir em K1, prova rainha da canoagem.

3. As federações desportivas, o Comité Olímpico de Portugal e o próprio Estado não podem beliscar o direito ao desporto, que se traduz inquestionavelmente, no direito a praticar o desporto - ou a disciplina desportiva – para o qual o cidadão se encontra física e tecnicamente habilitado. Trata-se, ainda aqui, de respeitar o desenvolvimento da personalidade da pessoa (do praticante desportivo). Não há, não pode haver valor que lhe seja superior, exprima-se ele pelo interesse da modalidade, da conquista de medalhas ou pela “projecção do nome de Portugal no mundo”.

4. Em finais de 2013, operou-se uma mudança significativa na governação da Federação Portuguesa de Canoagem, fruto de novas eleições.

Vejamos, ao que a nova postura da federação conduziu, no que respeita aos feitos desportivos do Fernando Pimenta.

No ano de 2014: 2.º lugar em K4 1000m no Campeonato do Mundo; 10.º em K1 1000m no Campeonato do Mundo; 3.º em K1 1000m na Taça do Presidente (Rússia); 5.º em K1 1000m no Campeonato da Europa (Alemanha); 3.º em K1 5000m no Campeonato da Europa (Alemanha); 3.º em K4 1000m no Campeonato da Europa (Alemanha); 4.º em K1 5000m na II Taça do Mundo (República Checa); 3.º em K1 1000m na II Taça do Mundo (República Checa); 2.º em K2 500m na II Taça do Mundo (República Checa); 3.º em K1 1000m na I Taça do Mundo (Itália); 3.º em K2 500m na I Taça do Mundo (Itália); 2.º em K1 5000m na I Taça do Mundo (Itália).

5. E em 2015, até este momento: 2.º lugar em K1 1000m nos Jogos Europeus (Azerbaijão); 2.º em K1 5000m nos Jogos Europeus (Azerbaijão); 5.º em K4 1000m nos Jogos Europeus (Azerbaijão); 1.º em K1 1000m na I Taça do Mundo (Portugal); 1.º em K1 5000m na I Taça do Mundo (Portugal); 4.º em K4 1000m na I Taça do Mundo (Portugal); 3.º em K1 1000m no Campeonato da Europa (República Checa); 2.º em K4 1000m no Campeonato da Europa (República Checa); 7.º em K1 5000m no Campeonato da Europa (República Checa).

6. Parece – só parece - que não teria sido muito difícil “aproveitar” o Fernando K1 para o K4 e, do mesmo passo, permitir que ele exerça o seu legítimo direito. josemeirim@gmail.com

 

 

Sugerir correcção
Comentar